Poemas sobre Tempo de Pedro Tamen

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Troco-me por Ti

Troco-me por ti
Na brasa da fogueira mal ardida
renovo o fogo que perdi,
acendo, ascendo, ao lume, ao leme, Ă  vida.

E sĂł trocado, parece, por nĂŁo ser
na verdade conjugo o velho verbo
e sou, remido esquartejado,
o retrato perfeito em que exacerbo
os passos recolhidos pelo tempo andado.

Amar-te Ă© Vir de Longe

Amar-te Ă© vir de longe,
descer o rio verde atrás de ti,
abrir os braços longos desde os sete
anos sob a latada ao pé do largo,
guardar o cheiro a figos vistos lá,
a olho nu, ao pé, ao pé de ti,
parar a beber água numa fonte,
um acaso perdido no caminho
onde os vimes me roçam a memória
e te anunciam mĂŁos e te perfazem;
como se o sino Ă  hora de tocar
já fosse o tempo todo badalado,
e a tua boca se abrisse atrás do tojo,
e abaixo dos calções as pernas nuas
se rasgassem sĂł para o pequeno sangue,
tal o pequeno preço que me pedes.
Atrás da curva estavas, és, serias,
nos muros de granito, nas amoras.
Amar-te era lembrança e profecias,
uma porta já feita para abrir,
e encontrar o lar ou mĂşsica lavada
onde, se nasces, vives, duras, moras
— meu nome exacto e pão
no chĂŁo das alegrias.

Devagar te Amo

Devagar te amo, e devagar assomo
os dedos Ă  altura dos olhos, do cabelo
dos anéis de outro turno, que é só meu
por querĂŞ-lo, meu amor, como a ti mesma quero
nos tempos de passado e sem futuro.
Devagar avanço um dealbar de dias
que vida seriam – mesmo que morto, Ă  noite,
eu voltasse amargurado mas presente,
calado e quedo, e devagar amando.