Poema Explicativo
Inúteis são os voos. Inúteis são os pássaros.
Silenciosas sombras tudo extinguem.
Como as vagas de um mar longĂnquo e frio,
sĂŁo de inĂşteis palavras estes versos,
pois o calado tempo esmaga tudo.Moro num rio inĂştil que caminha
entre margens de musgo e subalternas
pontes e águas que reflectem
estrelas, luminárias, desencanto.Os peixes não obstante já não dormem.
SĂŁo inĂşteis os sonhos e as amarras
que nos prendem ao cais.
E o sangue que nos leva
em artérias eléctricas de desejo.Já somos todos poetas — e a poesia é inútil —
antepassados simples de um futuro
remoto onde seremos sinais na rocha, apenas.Germinará o trevo entre os alexandrinos
e nenhum pássaro compreenderá o sentido
das páginas dispersas sobre a areia.Estas palavras nuas se transformarão
em pĂł, em lodo, em traças e raĂzes.
Poemas sobre Voos de Domingos Carvalho da Silva
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