Frieza
Os teus olhos sĂŁo frios como espadas,
E claros como os trágicos punhais;
TĂŞm brilhos cortantes de metais
E fulgores de lâminas geladas.Vejo neles imagens retratadas
De abandonos cruéis e desleais,
Fantásticos desejos irreais,
E todo o oiro e o sol das madrugadas!Mas não te invejo, Amor, essa indiferença,
Que viver neste mundo sem amar
É pior que ser cego de nascença!Tu invejas a dor que vive em mim!
E quanta vez dirás a soluçar:
“Ah! Quem me dera, IrmĂŁ, amar assim!…”
Sonetos sobre Cegos de Florbela Espanca
3 resultadosFanatismo
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
NĂŁo Ă©s sequer razĂŁo do meu viver
Pois que tu Ă©s já toda a minha vida!NĂŁo vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist’rioso livro do teu ser
A mesma histĂłria tantas vezes lida!…“Tudo no mundo Ă© frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu Ă©s como Deus: princĂpio e fim!…”
Cegueira Bendita
Ando perdida nestes sonhos verdes
De ter nascido e nĂŁo saber quem sou,
Ando ceguinha a tatear paredes
E nem ao menos sei quem me cegou!NĂŁo vejo nada, tudo Ă© morto e vago…
E a minha alma cega, ao abandono
Faz-me lembrar o nenĂşfar dum lago
´Stendendo as asas brancas cor do sonho…Ter dentro d´alma na luz de todo o mundo
E nĂŁo ver nada nesse mar sem fundo,
Poetas meus irmĂŁos, que triste sorte!…E chamam-nos a nĂłs Iluminados!
Pobres cegos sem culpas, sem pecados,
A sofrer pelos outros té à morte!