Sonetos sobre Consolo de Augusto dos Anjos

2 resultados
Sonetos de consolo de Augusto dos Anjos. Leia este e outros sonetos de Augusto dos Anjos em Poetris.

Eterna Mágoa

O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que Ă© triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!

Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.

Sabe que sofre, mas o que nĂŁo sabe
E que essa mágoa infinda assim não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda

Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!

Agonia De Um FilĂłsofo

Consulto o Phtah-Hotep. Leio o obsoleto
Rig-Veda. E, ante obras tais, me nĂŁo consolo…
O Inconsciente me assombra e eu nĂŞle tolo
Com a eĂłlica fĂşria do harmatĂŁ inquieto!

Assisto agora Ă  morte de um inseto!…
Ah! todos os fenĂ´menos do solo
Parecem realizar de pĂłlo a pĂłlo
O ideal de Anaximandro de Mileto!

No hierático areopago heterogêneo
Das idéas, percorro como um gênio
Desde a alma de Haeckel Ă  alma cenobial!…

Rasgo dos mundos o velário espesso;
E em tudo, igual a Goethe, reconheço
O império da substância universal!