Sonetos sobre Espera de Cláudio Manuel da Costa

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Sonetos de espera de Cláudio Manuel da Costa. Leia este e outros sonetos de Cláudio Manuel da Costa em Poetris.

X

Eu ponho esta sanfona, tu, Palemo,
Porás a ovelha branca, e o cajado;
E ambos ao som da flauta magoado
Podemos competir de extremo a extremo.

Principia, pastor; que eu te nĂŁo temo;
Inda que sejas tĂŁo avantajado
No cântico amebeu: para louvado
Escolhamos embora o velho Alcemo.

Que esperas? Toma a flauta, principia;
Eu quero acompanhar te; os horizontes
Já se enchem de prazer, e de alegria:

Parece, que estes prados, e estas fontes
Já sabem, que é o assunto da porfia
Nise, a melhor pastora destes montes.

XIII

Nise ? Nise ? onde estás ? Aonde espera
Achar te uma alma, que por ti suspira,
Se quanto a vista se dilata, e gira,
Tanto mais de encontrar te desespera!

Ah se ao menos teu nome ouvir pudera
Entre esta aura suave, que respira!
Nise, cuido, que diz; mas Ă© mentira.
Nise, cuidei que ouvia; e tal nĂŁo era.

Grutas, troncos, penhascos da espessura,
Se o meu bem, se a minha alma em vĂłs se esconde,
Mostrai, mostrai me a sua formosura.

Nem ao menos o eco me responde!
Ah como Ă© certa a minha desventura!
Nise ? Nise ? onde estás ? aonde ? aonde ?