Sonetos sobre Fogo de Sá de Miranda

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Sonetos de fogo de Sá de Miranda. Leia este e outros sonetos de Sá de Miranda em Poetris.

NĂŁo Sei quem em VĂłs Mais Vejo

NĂŁo sei qu’em vĂłs mais vejo; nĂŁo sei que
mais ouço e sinto ao rir vosso e falar;
nĂŁo sei qu’entendo mais, tĂ© no calar,
nem quando vos nĂŁo vejo a alma que vĂŞ;

Que lhe aparece em qual parte qu’estĂ©,
olhe o céu, olhe a terra, ou olhe o mar;
e, triste aquele vosso suspirar,
em que tanto mais vai, que direi qu’Ă©?

Em verdade nĂŁo sei; nem isto qu’anda
antre nĂłs: ou se Ă© ar, como parece,
se fogo doutra sorte e doutra lei,

Em que ando, e de que vivo; nunca abranda;
por ventura que Ă  vista resplandece.
Ora o que eu sei tĂŁo mal, como o direi?

Aquela FĂ© TĂŁo Clara E Verdadeira

Aquela fé tão clara e verdadeira,
A vontade tão limpa e tão sem mágoa,
Tantas vezes provada em viva frágua
De fogo, i apurada, e sempre inteira;

Aquela confiança, de maneira
Que encheu de fogo o peito, os olhos de água,
Por que eu ledo passei por tanta mágoa,
Culpa primeira minha e derradeira,

De que me aproveitou? NĂŁo de al por certo
Que dum sĂł nome tĂŁo leve e tĂŁo vĂŁo,
Custoso ao rosto, tĂŁo custoso Ă  vida.

Dei de mim que falar ao longe e ao perto;
E já assi se consola a alma perdida,
Se nĂŁo achar piedade, ache perdĂŁo.