Sonetos sobre Vista de Sá de Miranda

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Sonetos de vista de Sá de Miranda. Leia este e outros sonetos de Sá de Miranda em Poetris.

NĂŁo Sei quem em VĂłs Mais Vejo

NĂŁo sei qu’em vĂłs mais vejo; nĂŁo sei que
mais ouço e sinto ao rir vosso e falar;
nĂŁo sei qu’entendo mais, tĂ© no calar,
nem quando vos nĂŁo vejo a alma que vĂŞ;

Que lhe aparece em qual parte qu’estĂ©,
olhe o céu, olhe a terra, ou olhe o mar;
e, triste aquele vosso suspirar,
em que tanto mais vai, que direi qu’Ă©?

Em verdade nĂŁo sei; nem isto qu’anda
antre nĂłs: ou se Ă© ar, como parece,
se fogo doutra sorte e doutra lei,

Em que ando, e de que vivo; nunca abranda;
por ventura que Ă  vista resplandece.
Ora o que eu sei tĂŁo mal, como o direi?

Este Retrato Vosso Ă© o Sinal

Este retrato vosso Ă© o sinal
ao longe do que sois, por desamparo
destes olhos de cá, porque um tão claro
lume nĂŁo pode ser vista mortal.

Quem tirou nunca o sol por natural?
Nem viu, se nuvens nĂŁo fazem reparo,
em noite escura ao longe aceso um faro?
Agora se nĂŁo vĂŞ, ora vĂŞ mal.

Para uns tais olhos, que ninguém espera
de face a face, gram remédio fora
acertar o pintor ver-vos sorrindo.

Mas inda assim nĂŁo sei que ele fizera,
que a graça em vós não dorme em nenhuma hora.
Falando que fará? Que fará rindo?