Sonetos sobre Força de Fernando Pessoa

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Sonetos de força de Fernando Pessoa. Leia este e outros sonetos de Fernando Pessoa em Poetris.

Em Busca Da Beleza VI

O sono – Oh, ilusĂŁo! – o sono? Quem
LograrĂĄ esse vĂĄcuo ao qual aspira
A alma que de aspirar em vĂŁo delira
E jå nem força para querer tem?

Que sono apetecemos? O d’alguĂ©m
Adormecido na feliz mentira
Da sonolĂȘncia vaga que nos tira
Todo o sentir na qual a dor nos vem?

IlusĂŁo tudo! Querer um sono eterno,
Um descanso, uma paz, nĂŁo Ă© senĂŁo
O Ășltimo anseio desesperado e vĂŁo.

Perdido, resta o derradeiro inferno
Do tédio intérmino, esse de jå não
Nem aspirar a ter aspiração.

Barrow-On-Furness II

Deuses, forças, almas de ciĂȘncia ou fĂ©,
Eh! Tanta explicação que nada explica!
Estou sentado no cais, numa barrica,
E não compreendo mais do que de pé.

Por que o havia de compreender?
Pois sim, mas também por que o não havia?
Águia do rio, correndo suja e fria,
Eu passo como tu, sem mais valer…

Ó universo, novelo emaranhado,
Que paciĂȘncia de dedos de quem pensa
Em outras cousa te pÔe separado?

Deixa de ser novelo o que nos fica…
A que brincar? Ao amor?, Ă  indif’rença?
Por mim, sĂł me levanto da barrica.