Sonetos sobre Fruto de Anibal Beça

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Sonetos de fruto de Anibal Beça. Leia este e outros sonetos de Anibal Beça em Poetris.

Espera

Teus minutos são estalactites
agulhas finas de cal e água
setas refiladas de um relógio
na areia do deserto clepsidra.

Caroços de fruto apodrecido
para uma nova semeadura
em colheita sem nenhum estorvo
anunciando o pródigo regresso.

Que tu venhas sem a matemática
sem a tabuada fria das horas
rachar minha parede de pedra.

Que tu venhas sedutora chama
pluma de pássara renascida
vinda com teu fogo e não com cinzas.

Lavoura

Calma colheita do verbo sereno
Madura mansidão que se apresenta
Nessa escolha do fruto mais ameno
Servido à mesa suado e tão sedento.

Palavras semeadas num terreno
Quintal comum, adubo que se inventa
Na lida da lavoura em plano pleno
De quem se sabe longe da tormenta.

O fruto verde envolto nas lianas
Há muito debelado do seu travo
Hoje se escolhe o doce em filigranas.

No duro aprendizado fiz-me escravo
Cavalo de um arado em terra plana
Transpirando crepúsculos no estábulo.