Sonetos sobre Humanos de Agostinho da Cruz

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Sonetos de humanos de Agostinho da Cruz. Leia este e outros sonetos de Agostinho da Cruz em Poetris.

Da Emenda

Concluido me tendo a mi comigo
De deixar o caminho que levava,
Vendo com razões claras quanto errava
Em nĂŁo me desviar do mais antigo.

Pois no trabalho seu, no mor perigo,
Meu amigo consigo a mi me achava;
E quando no meu mal algum buscava,
Achava-me comigo sem amigo.

Agora dei a volta por caminhos
De solitarios bosques enramados,
De feras bravas mansos passarinhos;

Que ainda que entre espinhos conversados,
Mais quero pé descalço entre espinhos,
Que dos homens humanos espinhados.

Os Versos, que Cantei Importunado

Os versos, que cantei importunado
Da mocidade cega a quem seguia,
Queimei (como vergonha me pedia)
Chorando, por haver tĂŁo mal cantado.

Se nestes nĂŁo ficar tĂŁo desculpado
Quanto mais alto estilo merecia,
NĂŁo me podem negar a melhoria
Da mudança, que diz dum noutro estado.

Que vai que sejam bem ou mal aceitos?
Pois nĂŁo os escrevi para louvores
Humanos, pelo menos perigosos,

SenĂŁo para plantar em tenros peitos
Desejos de colher divinas flores
À força de suspiros saudosos.