DedicatĂłria

A quem nĂŁo basta a vida, a quem procura
as luzes escondidas de outra noite
deixo dedicatĂłria e pronta fuga
da treva que nos ronda até à morte.

Mas já não sei mentir. Ruim figura.
Durou o nosso enredo uma sĂł noite.
Teu corpo eu aprendi nessas escuras
sombras a que nĂŁo chega nem a morte.

A quem nĂŁo basta a vida, a quem engana
essa réstea de luz dentro da noite
deixo dedicatĂłria e abro os olhos:
que tudo nos Ă© dado de repente.

E num feixe de sombras imprecisas
arde o que resta a quem nĂŁo basta a vida.