Fim do Dia
Aquieta-se o silĂȘncio na folhagem,
que em ĂĄrvores teceu amor antigo;
sobressalto transposto da viagem
que o dia rumoroso fez consigo.O coração, que é sombra na paisagem,
dĂĄ Ă s palavras vĂŁs outro sentido;
e Ă© murmĂșrio desfeito na aragem,
que do entardecer recolhe abrigo.Ares assim se fazem de uma luz
que torna como baço o sol poente;
e o coração à estrema se reduz,
como o dia se volve mais ausente.Recolhem-se as palavras no vagar
que dia nem fulgor nos podem dar.
Sonetos sobre Sombra de LuĂs Filipe Castro Mendes
2 resultados Sonetos de sombra de LuĂs Filipe Castro Mendes. Leia este e outros sonetos de LuĂs Filipe Castro Mendes em Poetris.
DedicatĂłria
A quem nĂŁo basta a vida, a quem procura
as luzes escondidas de outra noite
deixo dedicatĂłria e pronta fuga
da treva que nos ronda até à morte.Mas jå não sei mentir. Ruim figura.
Durou o nosso enredo uma sĂł noite.
Teu corpo eu aprendi nessas escuras
sombras a que nĂŁo chega nem a morte.A quem nĂŁo basta a vida, a quem engana
essa réstea de luz dentro da noite
deixo dedicatĂłria e abro os olhos:
que tudo nos Ă© dado de repente.E num feixe de sombras imprecisas
arde o que resta a quem nĂŁo basta a vida.