Ăcaro
A minha Dor, vesti-a de brocado,
Fi-la cantar um choro em melopeia,
Ergui-lhe um trono de oiro imaculado,
Ajoelhei de mĂŁos postas e adorei-a.Por longo tempo, assim fiquei prostrado,
Moendo os joelhos sobre lodo e areia.
E as multidÔes desceram do povoado,
Que a minha dor cantava de sereia…Depois, ruflaram alto asas de agoiro!
Um silĂȘncio gelou em derredor…
E eu levantei a face, a tremer todo:Jesus! ruĂra em cinza o trono de oiro!
E, misérrima e nua, a minha Dor
Ajoelhara a meu lado sobre o lodo.
Sonetos sobre Nus de José Régio
2 resultados Sonetos de nus de José Régio. Leia este e outros sonetos de José Régio em Poetris.
Soneto de amor
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressĂ”es, nem alma… Abre-me o seio,
Deixa cair as pĂĄlpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas lĂnguas se busquem, desvairadas…
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ĂĄgeis e delgadas.E em duas bocas uma lĂngua…, â unidos,
NĂłs trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.Depois… â abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; nĂŁo digas nada…
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!