Os PorquĂŞs do Amor

CĂ©u, porque tĂŁo convulso e consternado
Me bate, ao Vê-la, o coração no peito?
Porque pasma entre os beiços congelado,
Indo a falar-lhe, o tĂ­mido conceito?

Porque nas áureas ondas engolfado
Da caudalosa trança, inda que afeito,
Me naufraga o juĂ­zo embelezado,
E em ternura suavĂ­ssima desfeito?

Porque a luz dos seus olhos, tĂŁo activa,
Por lânguida inda mais encantadora,
Me cega, e por a ver, ansioso, clamo?

Porque da mĂŁo nevada sai tĂŁo viva
Chama, que me electriza e me devora?
Os mesmos meus porquĂŞs me dizem: – Amo!