Sonetos sobre Profundos de Ant贸nio Gomes Leal

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Sonetos de profundos de Ant贸nio Gomes Leal. Leia este e outros sonetos de Ant贸nio Gomes Leal em Poetris.

Carta ao Mar

Deixa escrever-te, verde mar antigo,
Largo Oceano, velho deus limoso,
Cora莽茫o sempre lyrico, choroso,
E terno visionario, meu amigo!

Das bandas do poente lamentoso
Quando o vermelho sol vae ter comtigo,
– Nada 茅 mais grande, nobre e doloroso,
Do que tu, – vasto e humido jazigo!

Nada 茅 mais triste, tragico e profundo!
Ninguem te vence ou te venceu no mundo!…
Mas tambem, quem te poude consollar?!

Tu 茅s For莽a, Arte, Amor, por excellencia! –
E, comtudo, ouve-o aqui, em confidencia;
– A Musica 茅 mais triste inda que o Mar!

A Lanterna

O sabio antigo andou pelas ruas d’Athenas,
Com a lanterna accesa, errante, 脿 luz do dia,
Buscando o var茫o forte e justo da Utopia,
Privado de paix玫es e d’emo莽玫es terrenas.

Eu tambem que aborre莽o as cousas v茫s, pequenas
E que mais alto puz a s茫 Philosophia,
Ha muito busco em v茫o–ha muito, quem diria!
O mais cruel ideal das concep莽玫es serenas.

Tenho buscado em balde, e em v茫o por todo o mundo;
Esconde-se o ideal no sitio mais profundo,
No mar, no inferno, em tudo, aonde existe a d么r!…

De sorte que hoje emfim, descrente, resignado,
Concentrei-me em mim s贸, n’um tedio indignado,
E apaguei a lanterna – 脡 s贸 um sonho o Amor!