Ela, em meu Sonho

Ela vivia num palácio mouro…
Nas harpas, os seus dedos a espreitarem
como pajens curiosos, a afastarem
os cortinados todos fios de ouro.

As suas mĂŁos, tĂŁo leves como as aves,
ora fugiam volitando, frias,
ora pesam, trĂŞmulas, suaves,
nas cordas, a sonharem melodias…

E os sons que ela tangia, aos seus ouvidos
chegaram, receosos de senti-la,
voltavam a nĂŁo ser nunca tangidos.

É que ela, as suas mãos, as harpas de ouro,
nĂŁo eram mais do que um supor ouvi-la
e o meu julgá-la num palácio mouro.