Sonetos sobre Tristes de Camilo Pessanha

2 resultados
Sonetos de tristes de Camilo Pessanha. Leia este e outros sonetos de Camilo Pessanha em Poetris.

San Gabriel II

Vem conduzir as naus, as caravelas,
Outra vez, pela noite, na ardentia,
Avivada das quilhas. Dir-se-ia
Irmos arando em um montĂŁo de estrelas.

Outra vez vamos! CĂŽncavas as velas,
Cuja brancura, rĂștila de dia,
O luar dulcifica. Feeria
Do luar nĂŁo mais deixes de envolvĂȘ-las!

Vem guiar-nos, Arcanjo, Ă  nebulosa
Que do além mar vapora, luminosa,
E Ă  noite lactescendo, onde, quietas,

Fulgem as velhas almas namoradas…
– Almas tristes, severas, resignadas,
De guerreiros, de santos, de poetas.

Floriram por Engano as Rosas Bravas

Floriram por engano as rosas bravas
No inverno: veio o vento desfolhĂĄ-las…
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que hĂĄ pouco me enganavas?

Castelos doidos! TĂŁo cedo caĂ­stes!…
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mĂŁos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vĂŁo tristes!

E sobre nĂłs cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chĂŁo, na acrĂłpole de gelos…

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze _quanta flor! _do céu,
Sobre nĂłs dois, sobre os nossos cabelos?