Sonetos sobre Vozes de Glauco Mattoso

2 resultados
Sonetos de vozes de Glauco Mattoso. Leia este e outros sonetos de Glauco Mattoso em Poetris.

Soneto 263 A Mama Cass

Se magra é minha Sandra carioca,
gordona foi Cassandra, outro tesão
das minhas fantasias, que hoje são
lembranças se a vitrola, ao fundo, toca.

Mulher o meu desejo só provoca
se for ou varapau ou balofão:
oitenta ou oito; o meio termo não.
Por isso a Mama Cass, morta, me choca.

Um simples sanduíche nos privava,
fatídico, entalado na garganta,
daquela voz famosa, que não grava

mais coisas como aquilo que me encanta:
“Palavras de amor”. Cass, você foi brava!
Nenhum peso mais alto se alevanta!

Soneto 568 Nazaretado

Uns dizem que de índia tinha cara;
a outros parecia um rapazelho.
Famoso mesmo foi o seu joelho,
além da voz, que mais se aveludara.

Veludo, mas cortante, coisa rara:
quer fosse a Lindonéia nosso espelho
ou fosse o Carcará bordão vermelho,
o fato é que, no mapa, a nata é Nara.

Da Bossa Nova é musa mais bem-quista.
Tropicalista diva, brilha quieta.
Rebelde mais serena não se avista.

Foi ídolo, na luta, do poeta,
ao mesmo tempo olímpica e humanista,
pois Nara é nata, é nota, é gata, é neta.