Ser Turista Ă© Fugir da Responsabilidade

Ser turista Ă© fugir da responsabilidade. Os erros e os defeitos nĂŁo se colam em nĂłs como em casa. Somos capazes de vaguear por continentes e lĂ­nguas, suspendendo a actividade do pensamento lĂłgico. O turismo Ă© a marcha da imbecilidade. Contam que sejamos imbecis. Todo o mecanismo do paĂ­s hospedeiro estĂĄ adaptado aos viajantes que se comportam de um modo imbecil. Andamos Ă s voltas, aturdidos, olhando de esguelha para mapas desdobrados. NĂŁo sabemos falar com as pessoas, ir a lado nenhum, quanto vale o dinheiro, que horas sĂŁo, o que comer ou como o comer. Ser-se imbecil Ă© o padrĂŁo, o nĂ­vel e a norma. Podemos continuar a viver nestas condiçÔes durante semanas e meses, sem censuras nem consequĂȘncias terrĂ­veis. Tal como a outros milhares, sĂŁo-nos concedidas imunidades e amplas liberdades. Somos um exĂ©rcito de loucos, usando roupas de poliester de cores vivas, montando camelos, tirando fotografias uns aos outros, fatigados, desintĂ©ricos, sedentos. NĂŁo temos mais nada em que pensar senĂŁo no prĂłximo acontecimento informe.