Todo o PortuguĂȘs Popular Ă© um Reformador Impaciente
Todo o portuguĂȘs popular Ă© um reformador impaciente. NĂŁo hĂĄ atitude que nĂŁo avalie, serviço que nĂŁo comente, governança que nĂŁo desconheça, ingratidĂŁo que nĂŁo ouse, para maior desembaraço das suas aptidĂ”es. Estas podem nĂŁo ser famosas, mas constituem a soma dum profundo sentido de perseverança e de sacrifĂcio. Quando o mundo se super-humanizar, lĂĄ estarĂĄ o portuguĂȘs para achar natural o que acontece, e portanto necessitado de reforma, e por conseguinte de diĂĄlogo. O Ășltimo homem sobre a terra terĂĄ de ser um portuguĂȘs que duvida do que Ă© natural e que se indisciplina perante a consumação dos sĂ©culos.
HĂĄ raças mais dinĂąmicas, outras mais brilhantes; mas nenhuma outra possui o segredo da importunidade que estimula, desassossega, altera, contradiz e, no entanto, nĂŁo chega a ser violĂȘncia. Dizei-lhe que a vida Ă© um dom, que o trabalho Ă© uma honra, que o homem Ă© uma criação maravilhosa – e ele, ou vos acha hipĂłcritas, ou ocos e delirantes. Os princĂpios «a piori» nĂŁo lhe merecem respeito, e prefere analisar os seus pequenos problemas quotidianos, a obstinar-se na seriedade ou atrofiar-se na eloquĂȘncia que Ă© a mĂŁe da burla. Ele sabe que a pior injĂșria Ă© enobrecer a desgraça.
Textos sobre EloquĂȘncia de Agustina Bessa-LuĂs
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