Textos sobre Hóspedes

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Textos de hóspedes escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

As Realidades do Sonho

O sonho é a explosão dos súbditos na ausência do rei. Se o homem fosse um ser único, não sonharia. Mas cada um de nós é uma tribo em que somente um chefe tem os privilégios da vida iluminada. O chefe é a pessoa reconhecida pelos semelhantes, o «mim» legal da sociedade e da razão, obrigado a uma concordância fixa consigo mesmo. Só ele tem relações expressas com o mundo exterior e o único a reinar nas horas de vigília. Mas abaixo dele há um pequeno povo de cadetes expulsos, de insurrectos punidos, de hóspedes indesejáveis – exilados da zona da consciência, mas donos do subconsciente, encerrados no subterrãneo, mas prontos para a evasão, vencidos mas não mortos. Há a criança que foi renegada pelo jovem, o delinquente imobilizado pela moral e a lei, o louco que todos os dias estende armadilhas à razão raciocinadora, o poeta que a prática condenou ao silêncio, o bobo dominado pelas amarguras, o antepassado bárbaro que ainda se recorda do machado de pedra e dos festins de Tiestes.
O eu quotidiano e vulgar, o respeitável, o vigilante, o vitorioso, dominou essa tribo de larvas inimigas, de irmãos renegados e moribundos. E como a alma tem o seu subsolo,

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A Importância dos Princípios

Entre os homens, alguns há que possuem naturalmente um excelente carácter e que assimilam sem necessidade de longa instrução os princípios tradicionais, que abraçam a via da moralidade desde o primeiro momento em que dela ouvem falar; do meio destes é que surgem aqueles génios que concitam em si toda a gama de virtudes, que produzem eles mesmos virtudes. Mas aos outros, àqueles que têm o espírito embotado, obtuso ou dominado por tradições erróneas, a esses há que raspar a ferrugem que têm na alma. Mais ainda: se transmitirmos os preceitos básicos da filosofia aos primeiros, rapidamente eles atingirão o mais alto nível, pois estão naturalmente inclinados ao bem; se o fizermos aos outros, os de natureza mais fraca, ajudá-los-emos a libertarem-se das suas convicções erradas. Por aqui podes ver como são necessários os princípios básicos. Temos instintos em nós que nos fazem indolentes ante certas coisas, e atrevidos perante outras; ora, nem este atrevimento nem aquela indolência podem ser eliminados se primeiro não removermos as respectivas causas, ou seja, a admiração infundada ou o receio infundado.
Enquanto tivermos em nós esses instintos, bem poderás dizer: “estes são os teus deveres para com teu pai, ou para com os filhos,

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