Textos sobre Liberdade de Fiódor Dostoiévski

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Textos de liberdade de Fiódor Dostoiévski. Leia este e outros textos de Fiódor Dostoiévski em Poetris.

A Prisão Dourada

Tenta fazer esta experiência, construindo um palácio. Equipa-o com mármore, quadros, ouro, pássaros do paraíso, jardins suspensos, todo o tipo de coisas… e entra lá para dentro. Bem, pode ser que nunca mais desejasses sair daí. Talvez, de facto, nunca mais saisses de lá. Está lá tudo! “Estou muito bem aqui sozinho!”. Mas, de repente – uma ninharia! O teu castelo é rodeado por muros, e é-te dito: ‘Tudo isto é teu! Desfruta-o! Apenas não podes sair daqui!”. Então, acredita-me, nesse mesmo instante quererás deixar esse teu paraíso e pular por cima do muro. Mais! Tudo esse luxo, toda essa plenitude, aumentará o teu sofrimento. Sentir-te-ás insultado como resultado de todo esse luxo… Sim, apenas uma coisa te falta… um pouco de liberdade.

O Ateu é Deus

Deus não existe (…) A salvação de todos consiste agora em provar essa ideia a toda a gente, percebes? Quem é que há-de prová-la? Eu! Não entendo como é que até agora um ateu podia saber que Deus não existe e não se suicidava logo. Reconhecer que Deus não existe e não reconhecer ao mesmo tempo que o próprio se tornou deus é um absurdo, pois de outra maneira suicidar-se-ia inevitavelmente. Se tu o reconheces, és um rei e não te matarás, mas viverás na maior glória. Mas só o primeiro a perceber isso é que deve inevitavelmente matar-se, senão o que é que principiaria e provaria?

Sou eu que me vou suicidar para iniciar e para provar. Ainda só sou deus sem querer e sofro porque tenho o DEVER de proclamar a minha própria vontade. Todos são infelizes porque todos têm medo de afirmar a sua vontade. Se o homem até hoje tem sido tão infeliz e tão pobre, é precisamente porque tem tido medo de afirmar o ponto capital da sua vontade, recorrendo a ela às escondidas como um jovem estudante.

Eu sou profundamente infeliz porque tenho medo profundamente. O medo é a maldição do homem…

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A Liberdade de Escolha

Realmente, se um dia de facto se descobrisse uma fórmula para todos os nossos desejos e caprichos – isto é, uma explicação do que é que eles dependem, por que leis se regem, como se desenvolvem, a que é que eles ambicionam num caso e noutro e por aí fora, isto é uma fórmula matemática exacta – então, muito provavelmente, o homem deixaria imediatamente de sentir desejo.
Pois quem aceitaria escolher por regras? Além disso, o ser humano seria imediatamente transformado numa peça de um orgão ou algo do género; o que é um homem sem desejos, sem liberdade de desejo e de escolha, senão uma peça num orgão?