As Vozes do SilĂȘncio

As estĂĄtuas de OlĂ­mpia, que tanto contribuem para nos ligar Ă  GrĂ©cia, alimentam contudo tambĂ©m, no estado em que chegaram atĂ© nĂłs – esbranquiçadas, quebradas, isoladas da obra integral -, um mito fraudulento da GrĂ©cia, nĂŁo sabem resisitir ao tempo como um manuscrito, mesmo incompleto, rasgado, quase ilegĂ­vel. O texto de HerĂĄclito lança-nos clarĂ”es como nenhuma estĂĄtua em pedaços pode fazer, porque o significado Ă© nele deposto de maneira diferente, Ă© concentrado de forma diferente do que estĂĄ concentrado nelas, e porque nada iguala a ductilidade da palavra. Enfim, a linguagem diz, e as vozes da pintura sĂŁo as vozes do silĂȘncio.