Textos sobre Portas de Eugénio de Andrade

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Textos de portas de Eugénio de Andrade. Leia este e outros textos de Eugénio de Andrade em Poetris.

Do Outro Lado

TambĂ©m eu jĂĄ me sentei algumas vezes Ă s portas do crepĂșsculo, mas quero dizer-te que o meu comĂ©rcio nĂŁo Ă© o da alma, hĂĄ igrejas de sobra e ninguĂ©m te impede de entrar. Morre se quiseres por um deus ou pela pĂĄtria, isso Ă© contigo; pode atĂ© acontecer que morras por qualquer coisa que te pertença, pois sempre pĂĄtrias e deuses foram propriedade apenas de alguns, mas nĂŁo me peças a mim, que sĂł conheço os caminhos da sede, que te mostre a direcção das nascentes.

Vastos Campos

Vou fazer-te uma confidĂȘncia, talvez tenha jĂĄ começado a envelhecer e o desejo, esse cĂŁo, ladra-me agora menos Ă  porta. Nunca precisei de frequentar curandeiros da alma para saber como sĂŁo vastos os campos do delĂ­rio. Agora vou sentar-me no jardim, estou cansado, setembro foi mĂȘs de venenosas claridades, mas esta noite, para minha alegria, a terra vai arder comigo. AtĂ© ao fim.