Textos sobre Preço de Michel de Montaigne

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Textos de preço de Michel de Montaigne. Leia este e outros textos de Michel de Montaigne em Poetris.

Subtilezas Enganadoras

Há subtilezas frívolas por meio das quais, algumas vezes, os homens procuram alcançar reputação: é o caso dos poetas que fazem inteiras obras começando cada verso por uma letra. Similarmente vemos ovos, bolas, asas e machados formados por poetas gregos da Antiguidade com a medida dos seus versos, ora alongados ora encurtados de maneira a virem a representar esta ou aquela figura.
(…) É um maravilhoso testemunho da fraqueza do nosso juízo que ele dê preço às coisas pela raridade ou pela novidade, ou ainda pela dificuldade, quando a estas não se juntam a bondade e a utilidade.

As Coisas Têm um Preço em Função da Nossa Opinião

Que a nossa opinião atribui um preço às coisas, vê-se por aquelas, em grande número, em que nos fixamos por estimarmos não a elas mas sim a nós; e não consideramos nem as suas qualidades nem as suas utilidades, mas somente o que nos custa a obtê-las, como se isso fosse uma parte da sua substância; e chamamos de valor não ao que elas trazem mas sim ao que lhes colocamos. Daqui depreendo que somos grandes administradores do nosso investimento. Ele vale tanto quanto pesa, justamente porque pesa. A nossa opinião nunca o deixa correr sem carga útil. A compra dá valor ao diamante, e a dificuldade à virtude, e a dor à devoção, e o amargor ao medicamento.
Houve um só que, para chegar à pobreza, atirou os seus escudos nesse mesmo mar que tantos outros esquadrinham por todos os lados para pescar riquezas. Epicuro diz que ser rico não é alívio e sim mudança de dificuldades. Na verdade, não é a penúria, é antes a abundância que produz a avareza.