Passagens sobre Úteis

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Frases sobre úteis, poemas sobre úteis e outras passagens sobre úteis para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

A Filosofia é Essencial para Compreender a Vida

Bem longe de se assustar ou mesmo de enrubescer com o nome de filósofo, não existe ninguém no mundo que não devesse possuir fortes laivos de filosofia. Ela convém a todos; a sua prática é útil em todas as idades, para todos os sexos e para todas as condições: ela consola-nos da felicidade do outro, das preferências indignas, dos fracassos, do declínio das nossas forças ou da nossa beleza; arma-nos contra a pobreza, a velhice, a doença e a morte, contra os tolos e os maus zombeteiros; faz-nos viver sem uma mulher ou faz-nos suportar aquela com quem vivemos!

São de rejeitar todos os elogios: fazer só o que nos é útil ou o que nos dá prazer; ou o que somos obrigados a fazer.

Simplicidade e Perseverança

O que pensas que foi a vida dos homens que se conseguiram erguer acima do comum? Um combate contínuo. Se se tratar de um escritor, para escrever, uma luta contra a preguiça (que ele sente tanto como o homem comum): e isto porque o seu génio quer manifestar-se – e ele não obedece apenas ao desejo vão de se tornar célebre, mas ao apelo da sua consciência. Calem-se portanto os que trabalham com frieza: poder-se-á imaginar o que é trabalhar sob a influência da inspiração? Que medo, que hesitação sentimos em despertar esse leão adormecido, cujos rugidos fazem estremecer todo o nosso ser! Mas, voltando atrás: ser firme, simples e verdadeiro – eis o útil ensinamento de todos os momentos.

Há várias espécies de curiosidade: uma, que nos vem do interesse, leva-nos a querer aprender o que nos pode ser útil, e a outra, que nos vem do orgulho, leva-nos a querer saber o que os outros ignoram.

Ode Triunfal

À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!

Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical –
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força –
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,

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Retrato de Mónica

Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultaneamente: ser boa mãe de família, ser chiquíssima, ser dirigente da «Liga Internacional das Mulheres Inúteis», ajudar o marido nos negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda a gente, gostar dela, dizer bem de toda a gente, toda a gente dizer bem dela, coleccionar colheres do séc. XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito séria.
Tenho conhecido na vida muitas pessoas parecidas com a Mónica. Mas são só a sua caricatura. Esquecem-se sempre ou do ioga ou da pintura abstracta.
Por trás de tudo isto há um trabalho severo e sem tréguas e uma disciplina rigorosa e constante. Pode-se dizer que Mónica trabalha de sol a sol.
De facto, para conquistar todo o sucesso e todos os gloriosos bens que possui, Mónica teve que renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.

A poesia é oferecida a cada pessoa só uma vez e o efeito da negação é irreversível.

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Objectivo de Fim de Vida

Ainda sou útil, apesar da idade avançada. O meu cérebro não perdeu o vigor. Sinto que absorveu muito e que nunca esteve tão bem alimentado. É errado pensar que a velhice é um declive por onde vamos caindo: muito pelo contrário, subimos, e a passos largos, surpreendentes. O trabalho intelectual faz-se tão rapidamente como nas crianças o trabalho físico. Não é que não nos aproximemos do fim da vida, mas fazemo-lo como se fosse um objectivo, e não o derradeiro e fatal baixio onde encalharemos para sempre.

Vontade de Mudança

Se achas que a situação da tua vida é insatisfatória ou até mesmo intolerável, só te rendendo primeiro conseguirás quebrar o padrão de resistência inconsciente que perpetua essa situação. Render-se é perfeitamente compatível com tomar providências, com iniciar uma mudança ou alcançar metas. Mas no estado de rendição há uma energia totalmente diferente, uma qualidade diferente que corre no que fizeres. Ao renderes-te, ligas-te novamente com a energia da fonte do Ser e, se o que fizeres estiver infuso do Ser, tornar-se-á numa celebração rejubilante da energia da vida, que te levará mais profundamente para dentro do Agora. Através da não-resistência, a qualidade da tua consciência e, por conseguinte, a qualidade de tudo o que fizeres ou criares, será incomensuravelmente realçada. Os resultados tomarão então conta de si próprios e reflectirão essa qualidade. Poderíamos chamar-lhe “acção rendida”. Não é o trabalho tal como o conhecemos desde há milhares de anos. À medida que mais seres humanos forem despertando, a palavra trabalho desaparecerá do nosso vocabulário, e talvez se crie uma palavra nova em sua substituição.

É a qualidade da tua consciência desse momento que é o factor determinante do tipo de futuro que vivenciarás, pelo que render-te é a coisa mais importante que podes fazer para provocar uma mudança positiva.

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A Recetividade Genuína

A recetividade genuína é uma espécie de inocência preciosa mas não tem de existir à custa de sermos frágeis e vulneráveis. Da mesma maneira, não tem de traçar limites pessoais muito firmes e definidos à custa da sensibilidade e da compaixão.

À medida que cresce a nossa consciência espiritual acerca da nossa verdadeira natureza, tornamo-nos mais compassivos e gentis porque reconhecemos e estabelecemos uma ligação com a pureza e a bondade dos outros a partir da nossa essência. Por isso permanecemos recetivos a todas as influências positivas e que exprimem a vida. Com o que não é útil nem benéfico para nós, simplesmente escolhemos não nos envolvermos nem prestar atenção. É assim que conseguimos manter-nos recetivos ao mesmo tempo que preservamos os nossos limites pessoais. A sua consciência de si opera como um filtro que deixa entrar o que é útil para a sua evolução e impede a entrada daquilo que não é. É como se fosse uma porta de rede. Deixa passar a brisa refrescante mas não deixa entrar as folhas.

Felicidade Calma

Incita esse teu amigo a animosamente não ligar importância a quem o censura por se acolher à obscuridade da vida privada, por desistir das suas grandezas, por ter preferido a tranquilidade a tudo o mais, apesar de poder ainda avançar na sua carreira. Mostra a essa gente que ele trata diariamente dos próprios interesses da forma mais útil. Aqueles que pela sua posição elevada suscitam a inveja geral nunca vivem em terreno firme: uns são derrubados, outros caem por si. Esse tipo de felicidade nunca conhece a calma, antes se excita sempre a si mesma. Desperta em cada um ideias de vários tipos, move os homens cada qual em sua direcção, lança uns numa vida de excessos, outros numa vida de luxúria, a uns enche-os de orgulho, a outros de moleza, mas a todos igualmente destrói.
Dirás tu: Há, todavia, quem aguente bem uma liberdade desse género”. Pois há, assim como há quem aguente bem o vinho. Por isso não existe o mínimo fundamento para te deixares persuadir que alguém é feliz pelo facto de viver rodeado de clientes; os clientes não buscam nele senão o mesmo que buscam num lago: beber até fartar e deixar a água suja!

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Estamos nos anos inicias de um tempo que chamo de década digital – uma era em que computadores deixarão de ser meramente úteis para se tornar uma parte significativa e indispensável de nossa vida diária.

A Necessidade da Filosofia

A filosofia não brota por ser útil, mas tão-pouco pela acção irracional de um desejo veemente. É constitutivamente necessária ao intelectual. Porquê? A sua nota radical era buscar o todo como um tal todo, capturar o Universo, caçar o Unicórnio. Mas porquê esse profundo anseio? Por que não nos contentamos com o que, sem filosofar, achamos no mundo, com o que já é e aí está patente diante de nós? Por esta simples razão: tudo o que é e está aí, quanto nos é dado, presente, patente, é por sua essência um mero bocado, pedaço, fragmento, coto. E não podemos vê-lo sem prever e verificar que está a menos a porção que falta. Em todo o ser que é dado, em todo o dado do mundo encontramos a sua essencial linha de fractura, o seu carácter de parte e só parte – vemos a ferida da sua mutilação ontológica, grita-nos a sua dor de amputado, a sua nostalgia do bocado que lhe falta para ser completo, o seu divino descontentamento. Há doze anos, quando eu falava em Buenos Aires, definia o descontentamento «como um amar sem amado e uma como dor que sentimos em membros que não temos». É o achar de menos o que não somos,

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A Poesia Vai Acabar

A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?»    E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
— Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar? —

O Divino

Nobre seja o homem,
Caridoso e bom!
Pois isso apenas
É que o distingue
De todos os seres
Que conhecemos.

Glória aos incógnitos
Mais altos seres
Que pressentimos!
Que o homem se lhes iguale!
Seu exemplo nos ensine
A crer naqueles!

Pois insensível
É a natureza:
O sol ‘spalha luz
Sobre maus e bons,
E ao criminoso
Brilham como ao santo
A lua e as ‘strelas.

Vento e torrentes,
Trovão e saraiva
Rugem seu caminho
E agarram,
Velozes passando,
Um após outro.

Tal a sorte às cegas
Lança mãos à turba
E agarra os cabelos
Do menino inocente
Ou a fronte calva
Do velho culpado.

Por eternas leis,
Grandes e de bronze,
Temos todos nós
De fechar os círculos
Da nossa existência.

Mas somente o homem
Pode o impossível:
Só ele distingue,
Escolhe e julga;
E pode ao instante
Dar duração.

Só ele é que pode
Premiar o bom,
Castigar o mau,

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Os Anos Quarenta

Amo-te mais quando olho quando
para a torneira do gás quando estou nu à noite quando
e começo a mexer em pânico os ossos da mão direita
há domingos há a infância em que se parou numas escadas altas
ouvia-se a guerra ia-se para a cama por causa do ciclone
e quando o vento vem e decepa e quando
as árvores da rua é a mãe que recorta
uns papéis
brancos para colar nos vidros
ou quando (da capo) esse homem
nu à noite quando olha

e vejo vê-se
o indicador direito
manchado de nicotina

depois uma vez desfila
a vitória! surpreendo-os na sala
que me dão dinheiro e corro a comprar barros
na feira e quando quando coisas assim
partia logo e isso era a tristeza

volto a pensar: que queria eu na infância
o sol? outro nome sobre o meu tão frágil?

amo-te mais à noite portanto
quando dobro as calças e começo
quando esse gesto útil quando
bate numas pernas e vê-se
de trinta e cinco anos

Não pede nada nas tuas preces, porque tu não sabes o que é útil e só Deus conhece as tuas necessidades.