Textos sobre Respeito de Francis Bacon

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Textos de respeito de Francis Bacon. Leia este e outros textos de Francis Bacon em Poetris.

Saber Estar em Sociedade

O homem que não tem mais do que o próprio valor necessita de ser excelente em grande número de virtudes, tal como a pedra que não é preciosa necessita de ser revestida de metal; mas comummente acontece com a reputação o mesmo que com o lucro, se é verdadeiro o provérbio que diz: que com leves ganhos se fazem pesadas bolsas, porque estes são frequentes, enquanto os grandes só chegam de vez em quando; assim, também é verdade que pequenas coisas ganham grande recomendação, porque são de uso e de observação corrente, enquanto a ocasião de manifestar grandes virtudes só é dada nos dias-santos. Para adquirir boas maneiras basta apenas não as desdenhar, porque, habituando-nos a observá-las nos outros, deixamos confiadamente operar em nós a imitação; pois se cuidarmos de as exprimir, perdem logo a sua graça, a qual é serem naturais e desafectadas. O comportamento de cada homem deve ser como um verso, no qual todas as sílabas são medidas. Como pode um homem ocupar-se de grandes assuntos, se quebra demasiado o seu espírito com mesquinhas observações? Não usar completamente de cerimónias é ensinar aos outros que não as usem também, e assim diminuir o respeito próprio; especialmente, não devem ser omitidas perante estrangeiros e pessoas desconhecidas.

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Regras Essenciais para os Negócios

Mais vale em geral negociar oralmente do que por cartas, e por mediação, de terceiro do que pessoalmente. As cartas são melhores quando se deseja provocar resposta escrita, ou quando podem servir para justificação de um procedimento a tomar depois de escrita a carta. Tratar o assunto pessoalmente é bom, quando a presença impõe respeito, como acontece geralmente perante inferiores. Na escolha dos intermediários, é melhor optar por pessoas francas, que farão aquilo de que foram encarregadas, e que transmitirão fielmente o resultado, do que escolher pessoas hábeis em tirar proveito dos negócios alheios, e que podem alterar a verdade dos factos, apenas para vos dar satisfação. É melhor sondar a pessoa com a qual se trata um negócio, antes de entrar abruptamente no assunto, excepto quando se pretende surpreendê-la com alguma questão especiosa.
É melhor tratar com pessoas que ainda têm apetite do que com aquelas que já o perderam. Se se trata com alguém sob condições, o essencial, é o primeiro acto, porque tudo não se pode razoavelmente pedir, excepto se a natureza da coisa for tal que se possa levar avante; ou tal que uma parte possa persuadir a outra que precisará dela em futuro negócio;

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A Inveja Passeia pelas Ruas

O homem que não tiver virtude própria sempre invejará a virtude dos outros. A razão disso é que a alma humana nutre-se do bem próprio ou do mal alheio, e aquela que carece de um, aspira a obter o outro, e aquele que está longe de esperar obter méritos de outrem, procurará nivelar-se com ele, destruindo-lhe a fortuna.
As pessoas que são curiosas e indiscretas são geralmente invejosas; porque conhecer muito a respeito da vida alheia não pode resultar do que concerne os próprios negócios. Isso deve provir, portanto, de tomar uma espécie de prazer teatral a admirar a fortuna dos outros. Aliás, quem não se ocupa senão dos próprios negócios não encontra matéria para invejas. Porque a inveja é uma paixão calaceira, isto é, passeia pelas ruas e não fica em casa.

Intelecto Sentimental

O intelecto humano não é luz pura, pois recebe influência da vontade e dos afectos, donde se poder gerar a ciência que se quer. Pois o homem inclina-se a ter por verdade o que prefere. Em vista disso, rejeita as dificuldades, levado pela impaciência da investigação; a sobriedade, porque sofreia a esperança; os princípios supremos da natureza, em favor da superstição; a luz da experiência, em favor da arrogância e do orgulho, evitando parecer se ocupar de coisas vis e efémeras; paradoxos, por respeito à opinião do vulgo. Enfim, inúmeras são as fórmulas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente, se insinua e afecta o intelecto.

Soberanos mas Escravos

Os homens que estão em altos lugares são escravos de três modos: escravos do soberano ou do Estado; escravos da reputação; e escravos dos negócios. Não gozam de liberdade, nem nas suas pessoas, nem nas suas acções, nem no seu tempo. Estranho desejo é o de ganhar o poder e perder a liberdade, ou de buscar o poder sobre os outros para perder o poder sobre si-próprio. A ascensão às altas funções é laboriosa; através de canseiras chega o homem a maiores canseiras; a ascensão é por vezes humilhante, e por meio de indignidades é que o homem chega às dignidades. Manter-se à altura é difícil, e a descida é uma queda vertical; ou pelo menos um eclipse, coisa melancólica.
Além disso, os homens não se podem retirar quando querem; nem querem quando seria razoável; não se compadecem com a aposentação por idade ou por doença, quando necessitam estar à sombra; tais como os velhos das vilas e das aldeias que querem estar sentados à porta de casa, expondo assim a velhice ao escárnio dos outros. Certamente, as altas personalidades necessitam de pedir aos outros homens opiniões que as façam felizes; porque a julgarem-se pelos próprios sentimentos jamais conseguirão a felicidade;

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Conquistar a Honra

Conquistar a honra não é senão revelar as virtudes e os valores do homem, sem desvantagens; porque alguns procuram e solicitam a honra e a reputação, mas nas suas acções deixam muito a desejar; tais homens são daqueles a respeito dos quais se fala muito, mas que no fundo ninguém admira; outros, pelo contrário, escurecem as suas virtudes na aparência, para que sejam sobrevalorizadas na opinião. Aquele que leva a cabo uma coisa que nunca tinha sido tentada antes, ou que tinha sido abandonada depois da tentativa, ou realizada em melhores circunstâncias, ganhará com isso maior honra do que se tiver efectuado uma coisa de maior dificuldade, ou de maior mérito, em que tivesse já havido um precursor. Se um homem regula as suas acções de maneira a satisfazer em algumas todos os partidos ou agrupamentos, maior conceito de elogios haverá de obter.
Mau gerente da sua honra será aquele que empreenda uma acção cujo insucesso lhe possa causar desgraça maior do que a glória que lhe adviria do sucesso. A honra que é recebida e que vai quebrar-se sobre outrem é a que tem mais brilhantes reflexões; como os diamantes talhados com várias faces. Por isso deve o homem esforçar-se por ultrapassar os seus émulos em questão de honra,

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