Textos sobre Velhos de Jean de La Bruyère

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Textos de velhos de Jean de La Bruyère. Leia este e outros textos de Jean de La Bruyère em Poetris.

O Preço da Riqueza

Não invejemos a certa espécie de gente as suas grandes riquezas: eles as têm à custa de um ónus que não nos daria bom cómodo. Estragaram o seu repouso, a sua saúde, a sua felicidade e a sua consciência, para as conseguir: isso é caro demais, e não há nada a ganhar por esse preço.
Quando se é novo, muitas vezes é-se pobre: ou ainda não se fez aquisições, ou as heranças ainda não vieram. A gente torna-se rico e velho ao mesmo tempo; tão raro é poderem os homens reunir todas as vantagens!
E se isso acontece a alguns, não há que invejá-los: eles têm a perder com a morte o bastante para serem lamentados. É preciso trinta anos para pensar na fortuna; aos cinquenta está feita; contrói-se na velhice e morre-se quando ainda se está às voltas com pintores e vidraceiros. Qual o fruto de uma grande fortuna, se não gozar a vaidade, indústria, trabalho e esforço dos que vieram antes de nós, e trabalharmos nós mesmos, plantando, construindo, adquirindo, para a posteridade?
Em todas as condições, o pobre está mais próximo do homem de bem, e o opulento não está longe da ladroeira. A capacidade e a habilidade não levam a grandes riquezas.

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Na Sociedade é a Razão a Primeira a Ser Vencida

Na sociedade é a razão a primeira a ser vencida. Os mais ajuizados são frequentemente dirigidos pelo mais louco e extravagante: estuda-se o seu ponto fraco, o seu humor, os seus caprichos; acomoda-se a ele; evita-se feri-lo; todo o mundo cede a ele: a menor serenidade que aparece na sua fisionomia basta para lhe atrair elogios; acham-no óptimo por não ser sempre insuportável. É temido, considerado, obedecido, e às vezes amado. Só aqueles que tiveram velhos parentes colaterais, ou que os têm ainda, dos quais se espera herdar, podem dizer o que isso custa.