Passagens sobre Névoa

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É InĂștil Tudo

Chega através do dia de névoa alguma coisa do esquecimento,
Vem brandamente com a tarde a oportunidade da perda.
Adormeço sem dormir, ao relento da vida.

É inĂștil dizer-me que as açÔes tĂȘm conseqĂŒĂȘncias.
É inĂștil eu saber que as açÔes usam conseqĂŒĂȘncias.
É inĂștil tudo, Ă© inĂștil tudo, Ă© inĂștil tudo.

Através do dia de névoa não chega coisa nenhuma.

Tinha agora vontade
De ir esperar ao comboio da Europa o viajante anunciado,
De ir ao cais ver entrar o navio e ter pena de tudo.

NĂŁo vem com a tarde oportunidade nenhuma.

Contemplação

Sonho de olhos abertos, caminhando
NĂŁo entre as formas jĂĄ e as aparĂȘncias,
Mas vendo a face imĂłvel das essĂȘncias,
Entre idĂ©ias e espĂ­ritos pairando…

Que Ă© o mundo ante mim? fumo ondeando,
VisĂ”es sem ser, fragmentos de existĂȘncias…
Uma nĂ©voa de enganos e impotĂȘncias
Sobre vĂĄcuo insondĂĄvel rastejando…

E d’entre a nĂ©voa e a sombra universais
SĂł me chega um murmĂșrio, feito de ais…
É a queixa, o profundíssimo gemido

Das coisas, que procuram cegamente
Na sua noite e dolorosamente
Outra luz, outro fim sĂł presentido…

Quantos amores a vida nos dĂĄ? Amor Ă© como um sonho, Ă s vezes Ășnico. Se nos descuidarmos ele se dissipa como a nĂ©voa da manhĂŁ. O amor Ă© um bem tĂŁo valioso que somente o cofre do coração pode guardĂĄ-lo em segurança!

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida nĂŁo tem norte,
Sou a irmĂŁ do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada… a dolorida…

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…

Sou aquela que passa e ninguĂ©m vĂȘ…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquĂȘ…

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

A Água

Eu fui a sombra a converter-se em luz,
E fui a névoa a transformar-se em cor,
E fui o pranto a consagrar a dor,
Quando brilhei nos olhos de Jesus.

E fui a nuvem a buscar a altura,
E recebi do Sol a cor da chama.
CaĂ­ na terra e converti-me em lama
Para a tornar melhor e menos dura!

Fui pranto de perdĂŁo e de humildade…
E foi nuns olhos cheios de saudade
Que mais linda me fiz e desejei!…

E fui rio… e fui mar… e onda… e espuma…
E, em sonho de Poetas, fui Ă  bruma…
O vago… o indeciso… o que nĂŁo sei….

8A Sombra – Último Fantasma

Quem és tu, quem és tu, vulto gracioso,
Que te elevas da noite na orvalhada?
Tens a face nas sombras mergulhada…
Sobre as nĂ©voas te libras vaporoso …

Baixas do cĂ©u num vĂŽo harmonioso!…
Quem és tu, bela e branca desposada?
Da laranjeira em flor a flor nevada
Cerca-te a fronte, Ăł ser misterioso! …

Onde nos vimos nós? És doutra esfera ?
És o ser que eu busquei do sul ao norte. . .
Por quem meu peito em sonhos desespera?

Quem Ă©s tu? Quem Ă©s tu? – És minha sorte!
És talvez o ideal que est’alma espera!
És a glória talvez! Talvez a morte!

Dormindo

De qual de vĂłs desceu para o exĂ­lio do mundo
A alma desta mulher, astros do céu profundo?
Dorme talvez agora… AlvĂ­ssimas, serenas,
Cruzam-se numa prece as suas mĂŁos pequenas.
Para a respiração suavíssima lhe ouvir,
A noite se debruça… E, a oscilar e a fulgir,
Brande o glĂĄdio de luz, que a escuridĂŁo recorta,
Um arcanjo, de pé, guardando a sua porta.
Versos! podeis voar em torno desse leito,
E pairar sobre o alvor virginal de seu peito,
Aves, tontas de luz, sobre um fresco pomar…
Dorme… Rimas febris, podeis febris voar…
Como ela, num livor de névoas misteriosas,
Dorme o céu, campo azul semeado de rosas;
E dois anjos do céu, alvos e pequeninos,
VĂȘm dormir nos dois cĂ©us dos seus olhos divinos…
Dorme… Estrelas, velai, inundando-a de luz!
Caravana, que Deus pelo espaço conduz!
Todo o vosso dano nesta pequena alcova
Sobre ela, como um nimbo esplĂȘndido, se mova:
E, a sorrir e a sonhar, sua leve cabeça
Como a da Virgem Mie repouse e resplandeça!

A Poesia

DifĂ­cil, estreita passagem,
força quente perscrutada,
corpo de névoa, de imagem,
com sulcos de tatuagem,
voz absoluta escutada…

Destino de aranha, tece
com fios vĂĄrios da vida
alegria se amanhece
ou chora se a luz fenece
pela noite perseguida.

Intimidade exterior,
pureza de impuras formas,
conhecimento e amor,
ĂĄgua lĂ­mpida, estertor,
sem regras feita de normas.