Poemas sobre Ambição de Machado de Assis

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Poemas de ambição de Machado de Assis. Leia este e outros poemas de Machado de Assis em Poetris.

Os Arlequins – Sátira

Musa, depõe a lira!
Cantos de amor, cantos de glĂłria esquece!
Novo assunto aparece
Que o gênio move e a indignação inspira.
Esta esfera Ă© mais vasta,
E vence a letra nova a letra antiga!
Musa, toma a vergasta,
E os arlequins fustiga!

Como aos olhos de Roma,
— Cadáver do que foi, pávido império
De Caio e de Tibério, —
O filho de Agripina ousado assoma;
E a lira sobraçando,
Ante o povo idiota e amedrontado,
Pedia, ameaçando,
O aplauso acostumado;

E o povo que beijava
Outrora ao deus CalĂ­gula o vestido,
De novo submetido
Ao régio saltimbanco o aplauso dava.
E tu, tu nĂŁo te abrias,
Ó céu de Roma, à cena degradante!
E tu, tu nĂŁo caĂ­as,
Ă“ raio chamejante!

Tal na histĂłria que passa
Neste de luzes século famoso,
O engenho portentoso
Sabe iludir a néscia populaça;
NĂŁo busca o mal tecido
Canto de outrora; a moderna insolĂŞncia
NĂŁo encanta o ouvido,
Fascina a consciĂŞncia!

Vede; o aspecto vistoso,
O olhar seguro,

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Horas Vivas

Noite: abrem-se as flores…
Que esplendores!
CĂ­ntia sonha amores
Pelo céu.
TĂŞnues as neblinas
Ă€s campinas
Descem das colinas,
Como um véu.

MĂŁos em mĂŁos travadas,
Animadas,
VĂŁo aquelas fadas
Pelo ar;
Soltos os cabelos,
Em novelos,
Puros, louros, belos,
A voar.

— “Homem, nos teus dias
Que agonias,
Sonhos, utopias,
Ambições;
Vivas e fagueiras,
As primeiras,
Como as derradeiras
Ilusões!

— Quantas, quantas vidas
VĂŁo perdidas,
Pombas mal feridas
Pelo mal!

Anos apĂłs anos,
TĂŁo insanos,
VĂŞm os desenganos
Afinal.

— “Dorme: se os pesares
Repousares,
Vês? – por estes ares
Vamos rir;
Mortas, nĂŁo; festivas,
E lascivas,
Somos – horas vivas
De dormir!” –

Os Dois Horizontes

Dois horizontes fecham nossa vida:

Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hĂŁo de chegar;
No presente, — sempre escuro,—
Vive a alma ambiciosa
Na ilusĂŁo voluptuosa
Do passado e do futuro.

Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vĂ´o das andorinhas,
A onda viva e os rosais;
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal Ă© na hora presente
O horizonte do passado.

Ou ambição de grandeza
Que no espĂ­rito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
Ă€ alma convalescente,
Tal Ă© na hora presente
O horizonte do futuro.

No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espĂ­rito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente Ă© passado,
Nunca o futuro Ă© presente.

Que cismas, homem? – Perdido
No mar das recordações,

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