O Poeta
Este grave ofĂcio de poeta
que exerço enquanto o tempo vai
dando mais terra Ă minha sombra,
nĂŁo o aprendi com meu pai.Este meu alibi de cantar
para ausentar-me do que sou,
de minha mĂŁe nĂŁo o herdou
o filho rebelde e sem lar.Este ritmo que celebrei
no contraponto com a viola,
jamais o aprendi na escola
e a mim mesmo o ensinei.Sou o inventor do que sou
e, embora neto de avĂłs,
tenho de prĂłprio a minha voz,
bĂşssola do Norte aonde vou.Entre Ăcaro e Prometeu
viajo e tenho o céu e o chão.
Comando as pedras de AnfiĂŁo.
Faço a segunda voz de Orfeu.E nem me pergunteis se gosto
de ocupação menos errática:
meu verso é a minha vida prática,
salário e suor do meu rosto.Deixai-me só com minhas lavras,
e com Hamlet, meu porta-voz,
e esta verdade entre nĂłs:
palavras palavras palavras.
Poemas sobre Céu de Domingos Carvalho da Silva
1 resultado Poemas de céu de Domingos Carvalho da Silva. Leia este e outros poemas de Domingos Carvalho da Silva em Poetris.