O Riso

Por substituiĆ§Ć£o das emoƧƵes a poesia
recorda uma arte escura: vagares, caligrafia
da estaĆ§Ć£o que ondula, oscilaĆ§Ć£o de um cĆ”lamo
a meio do branco. A natureza encurva-se,
o coraĆ§Ć£o assenta de modo a ver o mundo.
Eis um dia inteiro, o trabalhar dos olhos,
a falta de sentido de iluminar a luz.
A sombra Ć© sem esforƧo, a respiraĆ§Ć£o respira,
encontra-se uma face, transforma-se num som,
pequenos acidentes dilatam-se no cƩu.
Palavras que se apagam. Pensamentos fƔceis.
Se isto Ć© poesia eu rio-me no fim:
Ć© como estar sentado, nĆ£o ter arte nenhuma.