Tempo Habitual
De nojo, o tempo, o nosso,
A perfĂdia estrumando
No presumir da carĂcia branda e sorriso
De todos.De raiva o tempo, o nosso,
Céu, mar e terra abrasando
Em clamor de labareda e navalha afiada
E sangue.De pavor o tempo, o nosso,
A primavera assombrando.
ExĂlio de ventres a fecundar e tudo o mais
Que a faz.De amor o tempo, o nosso,
Onde uma voz espalhando
A boa nova do pântano fétido da noite
Imposta?
De nojo, de raiva, de pavor,
O tempo transido
Do nosso viver dia-a-dia!
Mas nĂŁo de amor…
Poemas sobre Céu
355 resultadosVendo-a Sorrir
(A minha filha)
Filha, quando sorris, iluminas a casa
Dum celeste esplendor.
A alegria é na infância o que na ave é asa
E perfume na flor.Ă“ doirada alegria, Ăł virgindade santa
Do sorriso infantil!
Quando o teu lábio ri, filha, a minha alma canta
Todo o poema de Abril.Ao ver esse sorriso, Ăł filha, se concentro
Em ti o meu olhar,
Engolfa-se-me o céu azul pela alma dentro
Com pombas a voar.Sou o Sol que agoniza, e tu, meu anjo loiro,
És o Sol que se eleva.
Inunda-me de luz, sorri, polvilha de oiro
O meu manto de treva!
Ter Certeza Ă© nĂŁo Estar Vendo
Primeiro prenĂşncio de trovoada de depois de amanhĂŁ.
As primeiras nuvens, brancas, pairam baixas no céu mortiço,
Da trovoada de depois de amanhĂŁ?
Tenho a certeza, mas a certeza Ă© mentira.
Ter certeza Ă© nĂŁo estar vendo.
Depois de amanhã não há.
O que há é isto:
Um céu de azul, um pouco baço, umas nuvens brancas no horizonte,
Com um retoque de sujo embaixo como se viesse negro depois.
Isto Ă© o que hoje Ă©,
E, como hoje por enquanto Ă© tudo, isto Ă© tudo.
Quem sabe se eu estarei morto depois de amanhĂŁ?
Se eu estiver morto depois de amanhĂŁ, a trovoada de depois de amanhĂŁ
Será outra trovoada do que seria se eu não tivesse morrido.
Bem sei que a trovoada nĂŁo cai da minha vista,
Mas se eu nĂŁo estiver no mundo.
O mundo será diferente —
Haverá eu a menos —
E a trovoada cairá num mundo diferente e não será a mesma trovoada.
Nas Trevas
Como estou sĂł no mundo! Como tudo
É lagrima e silencio!Ó tristêsa das Cousas, quando é noite
Na terra e em nosso espirito!… TristĂŞsa
Que se anuncia em vultos de arvoredos,
Em rochas diluidas na penumbra
E soluços de vento perpassando
Na tenebrosa lividez do cĂ©u…Ă“ tristĂŞsa das Cousas! Noite morta!
Pavor! Desolação! Escura noite!
Phantastica Paisagem,
Desde o soturno espaço á fria terra
Toda vestida em sombra de amargura!ĂŠrma noite fechada! Nem um leve
Riso vago de estrela se adivinha…
SĂłmente as grossas lagrimas da chuva
Escorrem pela face do Silencio…Piedade, noite negra! NĂŁo me beijes
Com esses labios mortos de Phantasma!Ă“ Sol, vem alumiar a minha dĂ´r
Que, perdida na sombra, se dilata
E mais profundamente se enraiza
Nesta carne a sangrar que é a minha alma!Ilumina-te, ó Noite! Ó Vento, cála-te!
Negras nuvens do sul, limpae os olhos,
Desanuviae a bronzea face morta!Oh, mas que noite amarga, toda cheia
Do teu Phantasma angelico e divino;
Espirito que,
Ă€s Vezes Entre a Tormenta
Ă€s vezes entre a tormenta,
quando já umedeceu,
raia uma nesga no céu,
com que a alma se alimenta.E Ă s vezes entre o torpor
que nĂŁo Ă© tormenta da alma,
raia uma espécie de calma
que nĂŁo conhece o langor.E, quer num quer noutro caso,
como o mal feito está feito,
restam os versos que deito,
vinho no copo do acaso.Porque verdadeiramente
sentir Ă© tĂŁo complicado
que sĂł andando enganado
Ă© que se crĂŞ que se sente.Sofremos? Os versos pecam.
Mentimos? Os versos falham.
E tudo Ă© chuvas que orvalham
folhas caĂdas que secam.
Os Pastores
Guardavam certos pastores
seus rebanhos, ao relento,
sobre os céus consoladores
pondo a vista e o pensamento.Quando viram que descia,
cheio de glĂłria fulgente,
um anjo do céu do Oriente,
que era mais claro que o dia.Jamais os cegara assim
luz do meio-dia ou manhĂŁ.
Dir-se-ia o audaz Serafim,
que um dia venceu SatĂŁ.Cheios de assombro e terror,
rolaram na erva rasteira.
– Mas ele, com voz fagueira,
lhes diz, com suave amor:«Erguei-vos, simples, daĂ,
humildes peitos da aldeia!
Nasceu o vosso Rabi,
que é Cristo – na Galileia!Num berço, o filho real,
nĂŁo o vereis reclinado.
VĂŞ-lo-eis pobre e enfaixado,
sobre as palhas de um curral!Segui dos astros a esteira.
Levai pombas, ramos, palmas,
ao que traz uma joeira
das estrelas e das almas!»Foi-se o anjo: e nas neblinas,
então celestes legiões
soltam mĂsticas canções,
sobre violas divinas.Erguem-se, enfim, os pastores
e vão caminhos dalém,
com palmas, rolas, e flores,
Uma Beleza DificĂlima
O silĂŞncio
abre
o coração das sombras.
Por tal sossego, as árvores
caminham. Mas sĂŁo as mulheres quem lhes assegura
a elegância do porte.A harmonia vem do peso da luz
sob a cabeça. Das mãos em arco: os ramos seguram.
Altas sĂŁo as folhas. Simples.
Lisa a copa.Não há rumor na terra.
As feras nĂŁo nasceram ainda. Apenas os peixes.
Fora de água
respiram.Sim.
O mundo pode ser belo,
apesar de sĂł.Basta-lhe o fulgor no mais escalvado da noite
e meninos esbeltos e
gelados no sol.
E uma beleza dificĂlima. E um cauteloso
azul nas garças abatidas pelo céu.
E um primeiro espanto,
uma primeira alegria nas fendas
em direcção
ao pĂł.
Um Céu e Nada Mais
Um céu e nada mais — que só um temos,
como neste sistema: sĂł um sol.
Mas luzes a fingir, dependuradas
em abóbada azul — como de tecto.
E o seu nĂşmero tal, que deslumbrados
neram os teus olhos, se tas mostrasse,
amor, tĂŁo de ribalta azul, como de
circo, e dança então comigo no
trapézio, poema em alto risco,
e um levĂssimo toque de mistĂ©rio.
Pega nas lantejoulas a fingir
de sóis mal descobertos e lança
agora a âncora maior sobre o meu
coração. Que não te assuste o som
desse trovĂŁo que ainda agora ouviste,
era de deus a sua voz, ou mito,
era de um anjo por demais caĂdo.
Mas, de verdade: natural fenĂłmeno
a invadir-te as veias e o cérebro,
tão frágil como álcool, tão de
potente e liso como álcool
implodindo do céu e das estrelas,
imensas a fingir e penduradas
sobre abĂłbada azul. Se te mostrasse,
amor, a cor do pesadelo que por
aqui passou agora mesmo, um céu
e nada mais — que nada temos,
que nĂŁo seja esta angĂşstia de
mortais (e a maldição da rima,
Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hĂŁo-de bailar
As quatro estações à minha porta.Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu nĂŁo estivesse morta.
Os Amigos Infelizes
Andamos nus, apenas revestidos
Da música inocente dos sentidos.Como nuvens ou pássaros passamos
Entre o arvoredo, sem tocar nos ramos.No entanto, em nĂłs, o canto Ă© quase mudo.
Nada pedimos. Recusamos tudo.Nunca para vingar as prĂłprias dores
Tiramos sangue ao mundo ou vida Ă s flores.E a noite chega! Ao longe, morre o dia…
A Pátria Ă© o CĂ©u. E o CĂ©u, a Poesia…E há mĂŁos que vĂŞm poisar em nossos ombros
E somos o silĂŞncio dos escombros.Ă“ meus irmĂŁos! em todos os paĂses,
Rezai pelos amigos infelizes!
Quanta Tristeza e Amargura
Quanta tristeza e amargura afoga
Em confusĂŁo a ‘streita vida!
Quanto InfortĂşnio mesquinho
Nos oprime supremo!
Feliz ou o bruto que nos verdes campos
Pasce, para si mesmo anĂ´nimo, e entra
Na morte como em casa;
Ou o sábio que, perdido
Na ciĂŞncia, a fĂştil vida austera eleva
Além da nossa, como o fumo que ergue
Braços que se desfazem
A um céu inexistente.
A Jovem Cativa
(André Chenier)
— “Respeita a foice a espiga que desponta;
Sem receio ao lagar o tenro pâmpano
Bebe no estio as lágrimas da aurora;
Jovem e bela também sou; turvada
A hora presente de infortúnio e tédio
Seja embora: morrer nĂŁo quero ainda!De olhos secos o estĂłico abrace a morte;
Eu choro e espero; ao vendaval que ruge
Curvo e levanto a tĂmida cabeça.
Se há dias maus, também os há felizes!
Que mel nĂŁo deixa um travo de desgosto?
Que mar nĂŁo incha a um temporal desfeito?Tu, fecunda ilusĂŁo, vives comigo.
Pesa em vão sobre mim cárcere escuro,
Eu tenho, eu tenho as asas da esperança:
Escapa da prisĂŁo do algoz humano,
Nas campinas do céu, mais venturosa,
Mais viva canta e rompe a filomela.Deve acaso morrer ? TranqĂĽila durmo,
TranqĂĽila velo; e a fera do remorso
NĂŁo me perturba na vigĂlia ou sono;
Terno afago me ri nos olhos todos
Quando apareço, e as frontes abatidas
Quase reanima um desusado jĂşbilo.Desta bela jornada Ă© longe o termo.
A um Retrato
Amo-te, flor! Se te amo, Deus que o sabe
Que o diga a teus irmãos, que o Céu povoam
E ébrios de glória cânticos entoam
A quem no mar, na Terra e Céus não cabe.Se te amo, flor! que o diga o mar que expele
Quanto Ă© domĂnio, e beija humilde a praia…
Se mal que a Lua lá das ondas saia
Nas rochas me nĂŁo vĂŞ gemer com ele!Amo-te, flor! Se te amo, o Sol que o diga:
Quando lá da montanha aos Céus se eleva,
Se entre os vermes do pĂł, que o vento leva,
Me banha a mim tambĂ©m na luz amiga.Se te amo, flor? Sem ti… que noite escura,
Meu céu, meu campo em flor, meu dia e tudo!
Diga-te a noite minha se te iludo,
Se em vida já sem ti sonhei ventura!O anjo que no berço humilde e escasso
Do Céu me veio alumiar piedoso
E em lágrimas e riso, pranto e gozo,
Desde então me acompanha passo a passo;És tu! Amo-te e muito!
Divisamos assim o Adolescente
Divisamos assim o adolescente,
A rir, desnudo, em praias impolutas.
Amado por um fauno sem presente
E sem passado, eternas prostitutas
Velam por seu sono. Assim, pendente
O rosto sobre um ombro, pelas grutas
Do tempo o contemplamos, refulgente
Segredo de uma concha sem volutas.
Infância e madureza o cortejavam,
Velhice vigilante o protegia.
E loucos e ladrões acalentavam
Seu sonho suave, até que um deus fendia
O céu, buscando arrebata-lo, enquanto
Durasse ainda aquele breve encanto.
Elegia do Amor
Lembras-te, meu amor,
Das tardes outonais,
Em que Ăamos os dois,
Sozinhos, passear,
Para fora do povo
Alegre e dos casais,
Onde sĂł Deus pudesse
Ouvir-nos conversar?
Tu levavas, na mĂŁo,
Um lĂrio enamorado,
E davas-me o teu braço;
E eu, triste, meditava
Na vida, em Deus, em ti…
E, além, o sol doirado
Morria, conhecendo
A noite que deixava.
Harmonias astrais
Beijavam teus ouvidos;
Um crepĂşsculo terno
E doce diluĂa,
Na sombra, o teu perfil
E os montes doloridos…
Erravam, pelo Azul,
Canções do fim do dia.
Canções que, de tão longe,
O vento vagabundo
Trazia, na memĂłria…
Assim o que partiu
Em frágil caravela,
E andou por todo o mundo,
Traz, no seu coração,
A imagem do que viu.Olhavas para mim,
Ă€s vezes, distraĂda,
Como quem olha o mar,
Ă€ tarde, dos rochedos…
E eu ficava a sonhar,
Qual névoa adormecida,
Quando o vento também
Dorme nos arvoredos.
Olhavas para mim…
Meu corpo rude e bruto
Vibrava,
Branco e Vermelho
A dor, forte e imprevista,
Ferindo-me, imprevista,
De branca e de imprevista
Foi um deslumbramento,
Que me endoidou a vista,
Fez-me perder a vista,
Fez-me fugir a vista,
Num doce esvaimento.
Como um deserto imenso,
Branco deserto imenso,
Resplandecente e imenso,
Fez-se em redor de mim.Todo o meu ser, suspenso,
Não sinto já, não penso,
Pairo na luz, suspenso…
Que delĂcia sem fim!
Na inundação da luz
Banhando os céus a flux,
No ĂŞxtase da luz,
Vejo passar, desfila
(Seus pobres corpos nus
Que a distancia reduz,
Amesquinha e reduz
No fundo da pupila)
Na areia imensa e plana
Ao longe a caravana
Sem fim, a caravana
Na linha do horizonte
Da enorme dor humana,
Da insigne dor humana…
A inĂştil dor humana!
Marcha, curvada a fronte.
Até o chão, curvados,
Exaustos e curvados,
VĂŁo um a um, curvados,
Escravos condenados,
No poente recortados,
Em negro recortados,
Magros, mesquinhos, vis.
A cada golpe tremem
Os que de medo tremem,
Jeito de Escrever
NĂŁo sei que diga.
E a quem o dizer?
NĂŁo sei que pense.
Nada jamais soube.Nem de mim, nem dos outros.
Nem do tempo, do cĂ©u e da terra, das coisas…
Seja do que for ou do que fosse.
Não sei que diga, não sei que pense.Oiço os ralos queixosos, arrastados.
Ralos serĂŁo?
Horas da noite.
Noite começada ou adiantada, noite.
Como Ă© bonito escrever!Com este longo aparo, bonitas as letras e o gesto – o jeito.
Ao acaso, sem âncora, vago no tempo.
No tempo vago…
Ele vago e eu sem amparo.
Piam pássaros, trespassam o luto do espaço, este sereno luto das horas. Mortas!
E por mais nĂŁo ter que relatar me cerro.
ExpressĂŁo antiga, epistolar: me cerro.
TĂŁo grato Ă© o velho, inopinado e novo.
Me cerro!Assim: uma das mĂŁos no papel, dedos fincados,
solta a outra, de pena expectante.
Uma que agarra, a outra que espera…Ă“ ilusĂŁo!
E tudo acabou, acaba.
Para quĂŞ a busca das coisas novas, Ă toa e Ă roda?
Poder Crer em Santa Bárbara
Esta tarde a trovoada caiu
Pelas encostas do céu abaixo
Como um pedregulho enorme…
Como alguém que duma janela alta
Sacode uma toalha de mesa,
E as migalhas, por caĂrem todas juntas,
Fazem algum barulho ao cair,
A chuva chovia do céu
E enegreceu os caminhos …Quando os relâmpagos sacudiam o ar
E abanavam o espaço
Como uma grande cabeça que diz que não,
Não sei porquê — eu não tinha medo —
pus-me a rezar a Santa Bárbara
Como se eu fosse a velha tia de alguĂ©m…Ah! Ă© que rezando a Santa Bárbara
Eu sentia-me ainda mais simples
Do que julgo que sou…
Sentia-me familiar e caseiro
E tendo passado a vida
TranqĂĽilamente, como o muro do quintal;
Tendo idéias e sentimentos por os ter
Como uma flor tem perfume e cor…Sentia-me alguĂ©m que nossa acreditar em Santa
Bárbara…
Ah, poder crer em Santa Bárbara!(Quem crê que há Santa Bárbara,
Julgará que ela Ă© gente e visĂvel
Ou que julgará dela?)(Que artifĂcio!
Só os Lábios Respiram
Só os lábios respiram. Simples gesto vivo,
exĂlio do som onde se oculta o pavor da
palavra, pátria salgada cerrada no vazio
da casa de velhos deuses ávidos de preces.
Na garra da águia se fecha e rompe a boca,
templo e entranha, prodĂgio e anel
do eco, sinal esparso do caĂdo concerto
da vida. Por estes soberbos montes, estas
rasas colinas, estas águas circulantes,
vai o grito da cegueira, o delĂrio lasso
na manhĂŁ, a saciada loucura do escuro
nome nocturno. Como um fragor dos céus,
caminha o canto agudo das árduas cigarras
perseguindo a funesta morte. Por esta
paisagem parda, que lábios me guardam
do próximo desastre, a mudança em ave,
cio ou sal, erva ou peixe, cicatriz ou
mito, veia ou água? Que lábios respiram
na coisa mortal que serei apĂłs o termo
da eterna efemeridade deste meu corpo,
coma de luz, deste desejo, rijo resĂduo,
deste pensamento, disfarce ou máscara,
deste rapto do tempo, deste
coração que começa?
O DilĂşvio
Há muitos dias já, há já bem longas noites
que o estalar dos vulcões e o atroar das torrentes
ribombam com furor, quais rábidos açoites,
ao crebro rutilar dos coriscos ardentes.Pradarias, vergéis, hortos, vinhedos, matos,
tudo desapar’ceu ao rude desabar
das constantes, hostis, raivosas cataratas,
que fizeram da Terra um grande e torvo mar.Ă€ flor do torvo mar, verde como as gangrenas,
onde homens e leões bóiam agonizantes,
imprecando com fĂşria e angĂşstia, erguem-se apenas,
quais monstros colossais, as montanhas gigantes.É aà que, ululando, os homens como as feras
refugiar-se vão em trágicos cardumes,
O mar sobe, o mar cresce. e os homens e as panteras,
crianças e reptis caminham para os cumes.Os fortes, sem haver piedade que os sujeite,
arremessam ao chĂŁo pobres velhos cansados.
e as mães largam. cruéis, os filhinhos de leite,
que os que seguem depois pisam, alucinados.Um sinistro pavor; crescente e sufocante,
desnorteia, asfixia a turba pertinaz:
ouvem-se urros de dor, e os que vĂŁo adiante
lançam pedras brutais aos que ficam pra trás.