Estranho Ă© o Sono que nĂŁo te Devolve
Estranho Ă© o sono que nĂŁo te devolve.
Como Ă© estrangeiro o sossego
De quem nĂŁo espera recado.
Essa sombra como Ă© a alma
De quem já só por dentro se ilumina
E surpreende
E por fora Ă©
Apenas peso de ser tarde. Como Ă©
Amargo nĂŁo poder guardar-te
Em chão mais próximo do coração.
Poemas sobre Estranhos
84 resultadosPõe-me as MĂŁos nos Ombros…
Põe-me as mĂŁos nos ombros…
Beija-me na fronte…
Minha vida Ă© escombros,
A minha alma insonte.Eu nĂŁo sei por quĂŞ,
Meu desde onde venho,
Sou o ser que vĂŞ,
E vê tudo estranho.Põe a tua mão
Sobre o meu cabelo…
Tudo Ă© ilusĂŁo.
Sonhar Ă© sabĂŞ-lo.
FrĂgida
I
Balzac Ă© meu rival, minha senhora inglesa!
Eu quero-a porque odeio as carnações redondas!
Mas ele eternizou-lhe a singular beleza
E eu turbo-me ao deter seus olhos cor das ondas.II
Admiro-a. A sua longa e plácida estatura
Expõe a majestade austera dos invernos.
NĂŁo cora no seu todo a tĂmida candura;
Dançam a paz dos céus e o assombro dos infernos.III
Eu vejo-a caminhar, fleumática, irritante,
Numa das mĂŁos franzindo um lençol de cambraia!…
Ninguém me prende assim, fúnebre, extravagante,
Quando arregaça e ondula a preguiçosa saia!IV
Ouso esperar, talvez, que o seu amor me acoite,
Mas nunca a fitarei duma maneira franca;
Traz o esplendor do Dia e a palidez da Noite,
É, como o Sol, dourada, e, como a Lua, branca!V
Pudesse-me eu prostar, num meditado impulso,
Ó gélida mulher bizarramente estranha,
E trêmulo depor os lábios no seu pulso,
Entre a macia luva e o punho de bretanha!…VI
Cintila ao seu rosto a lucidez das jĂłias.
Ao encarar consigo a fantasia pasma;
Que Há para Lá do Sonhar?
Céu baixo, grosso, cinzento
e uma luz vaga pelo ar
chama-me ao gosto de estar
reduzido ao fermento
do que em mim a levedar
Ă© este estranho tormento
de me estar tudo a contento,
em todo o meu pensamento
ser pensar a dormitar.Mas que há para lá do sonhar?