Poemas sobre Grito de Ary dos Santos

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Poemas de grito de Ary dos Santos. Leia este e outros poemas de Ary dos Santos em Poetris.

Cantiga de Amigo

Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausĂȘncia tudo liso de espanto
e nem CamÔes Virgílio Shelley Dante
– o meu amigo estĂĄ longe
e a distĂąncia Ă© bastante.

Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mĂŁe nem pai
Ah não CamÔes Virgílio Shelley Dante!

– o meu amigo estĂĄ longe
e a tristeza Ă© bastante.

Nada a nĂŁo ser este silĂȘncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai CamÔes Virgílio Shelley Dante:
o meu amigo estĂĄ longe
e a saudade Ă© bastante!

Meu Camarada e Amigo

Revejo tudo e redigo
meu camarada e amigo.
Meu irmĂŁo suando pĂŁo
sem casa mas com razĂŁo.
Revejo e redigo
meu camarada e amigo

As cançÔes que trago prenhas
de ternura pelos outros
saem das minhas entranhas
como um rebanho de potros.
Tudo vai roendo a erva
daninha que me entrelaça:
canção não pode ser serva
homem não pode ser caça
e a poesia tem de ser
como um cavalo que passa.

É por dentro desta selva
desta raiva   deste grito
desta toada que vem
dos pulmÔes do infinito
que em todos vejo ninguém
revejo tudo e redigo:
Meu camarada e amigo.

Sei bem as mĂłs que moendo
pouco a pouco trituraram
os ossos que estĂŁo doendo
Ă queles que nĂŁo falaram.

Calculo até os moinhos
puxados a Ăłdio e sal
que a par dos monstros marinhos
vĂŁo movendo Portugal
— mas um poeta só fala
por sofrimento total!

Por isso calo e sobejo
eu que sĂł tenho o que fiz
dando tudo mas Ă  toa:
Amigos no Alentejo
alguns que estĂŁo em Paris
muitos que sĂŁo de Lisboa.

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