Ode à Paz
Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!
Poemas sobre Mãos
542 resultados Poemas de mãos escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.
Natal
Perguntei pelo Natal,
indicaram-me os rochedos.
Subi a altas montanhas,
só trouxe sustos e medos.Um mendigo, previdente,
avisou-me: o Natal
fica na quilha de um barco
que ainda nem é pinhal.E minha avó, mondadeira
do trigal que eu nunca tive,
dizia desta maneira:
— É dentro desta ribeira,
tecendo os bunhos da esteira,
que o Natal, em brasas, vive.O vento nada sabia
e a noite, irada, afirmava
que o Natal é o meio-dia
de uma noite inacabada.Li poemas, li romances,
mondei sonetos na horta:
Do Natal, só as nuances
da fome a rondar a porta.Até que um dia, ó milagre,
levado pelo coração,
toquei teus seios redondos
– brancas rolas, róseos pombos –
e tive o Natal na mão!