A um Nariz Grande

Hoje espero, nariz, de te assoar,
Se para te chegar a mão me dás,
Ainda que impossĂ­vel se me faz
Chegar a tanto eu como assoar-te,
Porque Ă© chegar Ă s nuvens o chegar-te.
Das musas a que for mais nariguda
Manda-lhe que me acuda,
Que se a fonte
De Pégaso é verdade está no monte,
O mais alto de todos em ti está
Porque monte tão alto não no há.

Falta o saber, nariz, para o louvor
De que Ă©s merecedor.
Que hei-de dizer?
Para espantares tu hĂŁo-te de ver,
Porque nunca se pode dizer tanto
Que faça como tu tão grande espanto.
És tão grande, nariz, que há opiniões,
E prova-o com razões
Certo moderno,
Que em comprimento Ă©s, nariz, eterno,
Porque ainda que princĂ­pio te soubemos,
NotĂ­cia de teu fim nunca tivemos.

Cuido que sem narizes, por mostrar
Seu poder em acabar,
Sua grandeza,
Deixou gente sem conto a natureza,
Que assoas, Gabriel, quando te assoas,
Os narizes de mais de mil pessoas.

Aos mais narizes dás o ser que tem,

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