Baladas Românticas – Negra…

Possas chorar, arrependida,
Vendo a saudade que aqui vai!
VĂŞ que inda, negro, da ferida
Aos borbotões o sangue cai…
Que a nossa histĂłria, assim relida,
O nosso amor, lembrado assim,
Possam fazer-te, comovida,
Inda uma vez pensar em mim!

Minh’alma pobre e desvalida,
Ă“rfĂŁ de mĂŁe, ĂłrfĂŁ de pai,
Na escuridĂŁo vaga perdida,
De queda em queda e de ai em ai!
E ando a buscar-te. E a minha lida
NĂŁo tem descanso, nĂŁo tem fim:
Quanto mais longe andas fugida,
Mais te vejo eu perto de mim!

Louco! e que lĂşgubre a descida
Para a loucura que me atrai!
– TerrĂ­veis páginas da vida,
Escuras páginas, – cantai!
Vim, ermitĂŁo, da minha ermida,
Morto, do meu sepulcro vim,
Erguer a lápida caída
Sobre a esperança que houve em mim!

Revivo a mágoa já vivida
E as velhas lágrimas… a fim
De que chorando, arrependida,
Possas lembrar-te inda de mim!