Poemas sobre Palavras de Daniel Faria

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Poemas de palavras de Daniel Faria. Leia este e outros poemas de Daniel Faria em Poetris.

Conserto a Palavra

Conserto a palavra com todos os sentidos em silĂȘncio
Restauro-a
Dou-lhe um som para que ela fale por dentro
Ilumino-a

Ela Ă© um candeeiro sobre a minha mesa
Reunida numa forma comparada Ă  lĂąmpada
A um zumbido calado momentaneamente em exame

Ela nĂŁo se come como as palavras inteiras
Mas devora-se a si mesma e restauro-a
A partir do vĂłmito
Volto devagar a colocĂĄ-la na fome

Perco-a e recupero-a como o tempo da tristeza
Como um homem nadando para trĂĄs
E sou uma energia para ela

E ilumino-a

Eu Peneiro o EspĂ­rito e Crivo o Ritmo

Eu peneiro o espĂ­rito e crivo o ritmo
Do sangue no amor, o movimento para fora
O desabrigo completo. Peneiro os mĂșltiplos
Sentidos da palavra que sopra a sua voz
Nos pulsos. Crivo a pulsação do canto
E encontro
O silĂȘncio inigualĂĄvel de quem escuta

Eis porque as minhas entranhas vibram de modo igual
Ao da cĂ­tara

Eu peneiro as entranhas e encontro a dor
De quem toca a cĂ­tara. A frĂĄgil raiz
De quem criva horas e horas a vida e encontra
A corda mais azul, a veia inesgotĂĄvel
De quem ama
Encontro o silĂȘncio nas entranhas de quem canta

Eis porque o amor vibra no espĂ­rito de quem criva

O mĂșsico incompleto peneira a ideia das formas
Eu sopro a ĂĄgua viva. Crivo
O sofrimento demorado do canto
Encontro o mistério
Da cĂ­tara

Sem outra Palavra para Mantimento

Sem outra palavra para mantimento
Sem outra força onde gerar a voz
Escada entre o poço que cavaste em mim e a sede
Que cavaste no meu canto, amo-te
Sou cĂ­tara para tocar as tuas mĂŁos.
Podes dizer-me de um fĂŽlego
Frase em silĂȘncio
Homem que visitas
Ó seiva aspergindo as partículas do fogo
O lume em toda a casa e na paisagem
Fora da casa
Pedra do edifĂ­cio aonde encontro
A porta para entrar
Candelabro que me vens cegando.
Sol
Que quando Ă©s nocturno ando
Com a noite em minhas mĂŁos para ter luz.

Amo-te na Carne que Tomaste do ChĂŁo que Aplaino

Amo-te na carne que tomaste do chĂŁo que aplaino
Com as mĂŁos
Com as palavras que escrevo e apago
Na areia, no cérebro.
Amo-te com o cérebro em ferida
Pensando-te
Remédio que derramas em mim a tua medicina, a morte
No meu corpo. Até que repouse como enfermo
No teu leito. Amo febrilmente amo o dia
Em que disseres: Larga
A tua enxerga! — E ande