Com uma Estrela na Voz

Que voz Ă© esta? De onde vem?
Que fantasmas antigos desperta
quando tudo o mais parece
ferido pela imobilidade de um sono de pedra?

Corres agora atrás das vozes
acantonadas nas arcas de Dezembro
e o que buscas Ă© uma centelha de riso,
o fugaz cristal de uma lágrima,
o aconchego de uma carĂ­cia
capaz de vergar a noite ao peso
imaterial de um instante de ternura.

É só isso que buscas, nada mais.
E tudo o que buscas
é uma lança que trespassa a morte
tantas vezes anunciada
no mudo sofrimento dos animais.

E se, buscando, Ă© a luz que encontras,
ergue-a entĂŁo como um estandarte
na hora de todos os fingimentos
e continua buscando até descobrires
que a voz que persegues e quase te enlouquece
Ă© a tua prĂłpria voz soletrando nos portais
os nomes piedosos e lĂ­mpidos
de quem chega um dia no rasto de uma estrela.