Poemas sobre Pena de Alfredo Brochado

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Poemas de pena de Alfredo Brochado. Leia este e outros poemas de Alfredo Brochado em Poetris.

SĂşplica

Mortos que em certas horas me falais
Com a vossa mudez ou murmĂşrios subtis,
Dizei: Custa muito morrer?
Há lá, por esse mundo, uma outra vida,
Que valha a pena viver?

Mortos que em certas horas me tocais
Com a vossa mĂŁo fria,
Dizei-me: Com a morte tudo acaba,
Ou, como se nascĂŞssemos de novo,
Um novo mundo principia?

Nada sei.
Sou inexperiente da morte,
Pois nĂŁo morri ainda.
Queria saber e desvendar
Se com a morte que tomba
Alguma coisa começa,
Ou, se pelo contrário, tudo finda.

Esses que amei, com quem vivi, felizes,
Num mundo de amarguras povoado,
De novo, poderei tornar a vĂŞ-los,
Felizes ao meu lado?

Ilusões, quem as criou,
É um benfeitor
Que merece guarida!
Dai-me a ilusĂŁo, todos vĂłs que morrestes,
De uma outra vida melhor
Para além desta vida.

Ex-Voto

Anda a tua saudade ao pé de mim,
E porque a tenho já por companheira,
Eu começo a pensar, e penso, enfim,
Que te hei-de ver um dia Ă  minha beira.

Posso lá acreditar que toda a tua esperança,
O teu grande desejo de viver,
Hão-de caber num berço de criança!
Eu posso lá pensar em nunca mais te ver!

Posso lá acreditar que no ingrato caminho
Da minha vida que esta dor consome,
Nunca mais te hei-de ouvir, mesmo baixinho,
Pronunciar o meu nome!

Posso lá acreditar que a infinita poesia,
Que descia, ao falares, da tua voz,
NĂŁo seja agora mais do que uma sinfonia,
A pairar, a vibrar, longe de nĂłs!

Posso lá acreditar! Então a vida,
O que era para mim, assim, o que era?
Ah! NĂŁo valia a pena ser vivida,
E nĂŁo chegava mesmo a ser uma quimera!