A Construção

Aqui,
neste sĂ­tio ameno,
edifico o poema
sobre um chĂŁo de cardos.

E nĂŁo construo em vĂŁo,
que em vĂŁo nĂŁo constrĂłi
quem,
aqui como em qualquer ermo,
pedra a pedra, dia a termo,
acrescenta ao pĂł da origem
o que desgasta, fere e dĂłi.

Nem guarda monto ao construĂ­do,
que nunca sei preciso o canto,
nem de pé ou terminada a obra.
Guardador sou, sim, do que Ă© sentido,
nĂŁo do canto, Ă­ntegro ou fendido:

Se por precário arrimo o verso greta,
edifico de novo, aqui ou em Creta.