Foi um Momento
Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mĂŁo
E a retiraste.
Senti ou nĂŁo ?NĂŁo sei. Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memĂłria
Fixa e corpĂłrea
Onde pousaste
A mĂŁo que teve
Qualquer sentido
Incompreendido.
Mas tĂŁo de leve!…Tudo isto Ă© nada,
Mas numa estrada
Como Ă© a vida
HĂĄ muita coisa Incompreendida…Sei eu se quando
A tua mĂŁo
Senti pousando
âSobre o meu braço,
E um pouco, um pouco,
No coração,
NĂŁo houve um ritmo
Novo no espaço?
Como se tu,
Sem o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
SĂșbito e etĂ©reo,
Que nem soubesses
Que tinha ser.Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz.
Poemas sobre Ritmo de Fernando Pessoa
3 resultadosBĂłiam farrapos de sombra
BĂłiam farrapos de sombra
Em torno ao que nĂŁo sei ser.
à todo um céu que se escombra
Sem me o deixar entrever.O mistério das alturas
Desfaz-se em ritmos sem forma
Nas desregradas negruras
Com que o ar se treva torna.Mas em tudo isto, que faz
O universo um ser desfeito,
Guardei, como a minha paz,
A ‘sp’rança, que a dor me traz,
Apertada contra o peito.
Elas SĂŁo Vaporosas
Elas sĂŁo vaporosas,
PĂĄlidas sombras, as rosas
Nadas da hora lunar…VĂȘm, aĂ©reas, dançar
Com perfumes soltos
Entre os canteiros e os buxos…
Chora no som dos repuxos
O ritmo que hĂĄ nos seus vultos…Passam e agitam a brisa…
PĂĄlida, a pompa indecisa
Da sua flébil demora
Paira em aurĂ©ola Ă hora…Passam nos ritmos da sombra…
Ora Ă© uma folha que tomba,
Ora uma brisa que treme
Sua leveza solene…E assim vĂŁo indo, delindo
Seu perfil Ășnico e lindo,
Seu vulto feito de todas,
Nas alamedas, em rodas,
No jardim lĂvido e frio…Passam sozinhas, a fio,
Como um fumo indo, a rarear,
Pelo ar longĂnquo e vazio,
Sob o, disperso pelo ar,
PĂĄlido pĂĄlio lunar …