Poemas sobre Seguros de Ricardo Reis

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Poemas de seguros de Ricardo Reis. Leia este e outros poemas de Ricardo Reis em Poetris.

Este Seu Escasso Campo

Este, seu ‘scasso campo ora lavrando,
Ora solene, olhando-o com a vista
De quem a um filho olha, goza incerto
A nĂŁo-pensada vida.
Das fingidas fronteiras a mudança
O arado lhe nĂŁo tolhe, nem o empece
Per que concĂ­lios se o destino rege
Dos povos pacientes.
Pouco mais no presente do futuro
Que as ervas que arrancou, seguro vive
A antiga vida que nĂŁo torna, e fica,
Filhos, diversa e sua.

E Ă  Arte o Mundo Cria

Seguro Assento na coluna firme
Dos versos em que fico,
Nem temo o influxo inĂșmero futuro
Dos tempos e do olvido;
Que a mente, quando, fixa, em si contempla
Os reflexos do mundo,
Deles se plasma torna, e Ă  arte o mundo
Cria, que nĂŁo a mente.
Assim na placa o externo instante grava
Seu ser, durando nela.

Tirem-me os Deuses o Amor, GlĂłria e Riqueza

Tirem-me os deuses
Em seu arbĂ­trio
Superior e urdido Ă s escondidas
O Amor, glĂłria e riqueza.

Tirem, mas deixem-me,
Deixem-me apenas
A consciĂȘncia lĂșcida e solene
Das coisas e dos seres.

Pouco me importa
Amor ou glĂłria,
A riqueza Ă© um metal, a glĂłria Ă© um eco
E o amor uma sombra.

Mas a concisa
Atenção dada
Às formas e às maneiras dos objetos
Tem abrigo seguro.

Seus fundamentos
SĂŁo todo o mundo,
Seu amor Ă© o plĂĄcido Universo,
Sua riqueza a vida.

A sua glĂłria
É a suprema
Certeza da solene e clara posse
Das formas dos objetos.

O resto passa,
E teme a morte.
SĂł nada teme ou sofre a visĂŁo clara
E inĂștil do Universo.

Essa a si basta,
Nada deseja
Salvo o orgulho de ver sempre claro
Até deixar de ver.