A Elvira

(Lamartine)

Quando, contigo a sĂłs, as mĂŁos unidas,
Tu, pensativa e muda; e eu, namorado,
Às volĂșpias do amor a alma entregando,
Deixo correr as horas fugidias;
Ou quando ‘as solidĂ”es de umbrosa selva
Comigo te arrebato; ou quando escuto
—Tão só eu, — teus terníssimos suspiros;
E de meus lĂĄbios solto
Eternas juras de constĂąncia eterna;
Ou quando, enfim, tua adorada fronte
Nos meus joelhos trĂȘmulos descansa,
E eu suspendo meus olhos em teus olhos,
Como Ă s folhas da rosa ĂĄvida abelha;
Ai, quanta vez entĂŁo dentro em meu peito
Vago terror penetra, como um raio!
Empalideço, tremo;
E no seio da glĂłria em que me exalto,
LĂĄgrimas verto que a minha alma assombram!
Tu, carinhosa e trĂȘmula,
Nos teus braços me cinges, — e assustada,
Interrogando em vĂŁo, comigo choras!
“Que dor secreta o coração te oprime?”
Dizes tu, “Vem, confia os teus pesares…
Fala! eu abrandarei as penas tuas!
Fala! Eu consolarei tua alma aflita.”

Vida do meu viver, nĂŁo me interrogues!
Quando enlaçado nos teus níveos braços*
A confissão de amor te ouço,

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