Poemas sobre SilĂȘncio de LuĂ­s Filipe Castro Mendes

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Poemas de silĂȘncio de LuĂ­s Filipe Castro Mendes. Leia este e outros poemas de LuĂ­s Filipe Castro Mendes em Poetris.

De Amor

Considera o amor como um retoque num quadro antigo
que subitamente o vem iluminar:
vimo-nos muitas vezes antes de seres no meu olhar
aquela luz em um paĂ­s perdido
que tu quiseste em vĂŁo esconder, negar.

O quadro manteve o mesmo fulgor:
a reverberação no silĂȘncio da perda,
o desamor.

Quem avivou o brilho das tintas, quem corrigiu o baço
sinal da morte? FalĂĄmos de uma dor
num fundo esbatido. FalĂĄmos do grito mudo do teu corpo.
FalĂĄmos de amor.

Finda

A conclusĂŁo de tudo Ă© sĂł a morte
e nĂŁo hĂĄ mais epĂ­logo nem finda.
NĂŁo se termina o verso nem o curso
mudamos Ă  conversa interrompida.

NĂŁo findamos o verso nem acaba
o desfazer-se o mar contra esta praia.
A conclusĂŁo de tudo Ă© sĂł a morte,
nem o silĂȘncio quebra a sua amarra.

Sequer hĂĄ conclusĂŁo? Sequer hĂĄ morte
nas palavras deixadas pelos recantos
mais sujos e perdidos do seu norte?

Amor que nos moveu no desalento,
a pĂĄtria destes versos foi sĂł pura
imaginação por dentro da memória.

(Mas jå outras cançÔes nos estremecem:
longe do coração começa a História.)