Poemas sobre Vergonha de Rabindranath Tagore

2 resultados
Poemas de vergonha de Rabindranath Tagore. Leia este e outros poemas de Rabindranath Tagore em Poetris.

Ă€ Espera do Amado

Disse-me baixinho:
— Meu amor, olha-me nos olhos.
Ralhei-lhe, duramente, e disse-lhe:
— Vai-te embora.
Mas ele nĂŁo foi.
Chegou ao pĂ© de mim e agarrou-me as mĂŁos…
Eu disse-lhe:
— Deixa-me.
Mas ele nĂŁo deixou.

Encostou a cara ao meu ouvido.
Afastei-me um pouco,
fiquei a olhá-lo e disse-lhe:
— Não tens vergonha? Nem se moveu.
Os seus lábios roçaram a minha face.
Estremeci e disse-lhe:
— Como te atreves?
Mas ele nĂŁo se envergonhou.

Prendeu-me uma flor no cabelo.
Eu disse-lhe:
— É inútil.
Mas ele nĂŁo fez caso.
Tirou-me a grinalda do pescoço
e abalou.
Continuo a chorar,
e pergunto ao meu coração:
Porque Ă© que ele nĂŁo volta?

Tradução de Manuel Simões

PaixĂŁo Secreta

Acordei com os primeiros pássaros,
já minha lâmpada morria.
Fui até à janela aberta e sentei-me,
com uma grinalda fresca
nos cabelos desatados…
Ele vinha pelo caminho
na névoa cor de rosa da manhã.
Trazia ao pescoço
uma cadeia de pérolas
e o sol batia-lhe na fronte.
Parou Ă  minha porta
e disse-me ansioso:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, belo caminhante,
sou eu.

Anoitecia
e ainda nĂŁo tinham acendido as luzes.
Eu atava o cabelo, desconsolada.
Ele chegava no seu carro
todo vermelho, aceso pelo sol poente.
Trazia o fato cheio de poeira.
Fervia a espuma
na boca anelante dos seus cavalos…
Desceu Ă  minha porta
e disse-me com voz cansada:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, fatigado caminhante,
sou eu.

Noite de Abril.
A lâmpada arde neste meu quarto
que a brisa do Sul
enche suavemente.
O papagaio palrador
dorme na sua gaiola.
O meu vestido Ă© azul
como o pescoço dum pavão,

Continue lendo…