Poemas sobre Viagens de Cruzeiro Seixas

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Poemas de viagens de Cruzeiro Seixas. Leia este e outros poemas de Cruzeiro Seixas em Poetris.

Um CĂŁo Ă© isto de Sermos Gente

Um cĂŁo
Ă© isto de sermos gente.

Se temos sĂł duas pernas
temos em contrapartida
uma complicação escura
dentro do peito.

Qualquer coisa como
os fundos desconhecidos
da água
sĂł conhecidos
dos náufragos.

Para matar
Ă© preciso uma arma
e para voar
como bĂşzios
precisamos papel e lápis
— e assim viajamos
dentro de vegetais malas de viagens
procurando o destino sufocante
de todas as paragens.

Era um Pássaro Alto

Era um pássaro alto como um mapa
e que devorava o azul
como nĂłs devoramos o nosso amor.

Era a sombra de uma mĂŁo sozinha
num espaço impossivelmente vasto
perdido na sua prĂłpria extensĂŁo.

Era a chegada de uma muito longa viagem
diante de uma porta de sal
dentro de um pequeno diamante.

Era um arranha-céus
regressado do fundo do mar.

Era um mar em forma de serpente
dentro da sombra de um lĂ­rio.

Era a areia e o vento
como escravos
atados por dentro ao azul do luar.