Sonetos sobre Abelhas de Olegário Mariano

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Sonetos de abelhas de Olegário Mariano. Leia este e outros sonetos de Olegário Mariano em Poetris.

LĂ­ngua Portuguesa

Da avena dos pastores, da harmonia
Que o vento imprime Ă s palmas das palmeiras,
Do bramido do mar e das cachoeiras,
Da voz que impreca Ă  voz que balbucia;

Do sol que fala quando nasce o dia,
Do luar que enche de unção as cordilheiras,
Vem este claro idioma, que Ă© poesia
E alma das gentes luso-brasileiras.

Rumor de asas de abelha, um ruĂ­do apenas…
Doce afago de arminhos e de penas,
Perdão, queixume, lágrima, reclamo,

Ou grito estuante de alma incompreendida,
Do desgraçado: “Eu te condeno, Ăł vida!”
Do poeta que sofreu: “Ă“ vida, eu te amo!”

Do Meu Tempo

Quando eu era menino e tinha cheia
A alma de sonhos bons e, fugidio,
Como a abelha que voa da colmeia,
Andava a errar do canavial bravio;

Quando em noites de junho o luar macio
Punha um lençol de rendas sobre a areia,
Tiritava de medo ouvindo o pio
Da coruja mais lĂşgubre da aldeia.

Feliz! Bendita essa primeira idade!
Andava como quem anda sonhando
De olhos abertos, com a felicidade.

Dormia tarde e enquanto eu nĂŁo dormia,
MamĂŁe rezava o padre-nosso e quando
Me mandava rezar, eu nĂŁo sabia.