Sonetos sobre Caça de Luís de Camões

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Sonetos de caça de Luís de Camões. Leia este e outros sonetos de Luís de Camões em Poetris.

Enquanto Febo Os Montes Acendia

Enquanto Febo os montes acendia
do CĂ©u com luminosa claridade,
por evitar do Ăłcio a castidade
na caça o tempo Délia despendia.

VĂ©nus, que entĂŁo de furto descendia,
por cativar de Anquises a vontade,
vendo Diana em tanta honestidade,
quase zombando dela, lhe dizia:

– Tu vás com tuas redes na espessura
os fugitivos cervos enredando,
mas as minhas enredam o sentido.

-Melhor Ă© (respondia a deusa pura)
nas redes leves cervos ir tomando
que tomar-te a ti nelas teu marido.

Num Jardim Adornado De Verdura

Num jardim adornado de verdura,
a que esmaltam por cima várias flores,
entrou um dia a deusa dos amores,
com a deusa da caça e da espessura.

Diana tomou logo ĂĽa rosa pura,
VĂ©nus um roxo lĂ­rio, dos milhores;
mas excediam muito Ă s outras flores
as violas, na graça e fermosura.

Perguntam a Cupido, que ali estava,
qual daquelas trĂŞs flores tomaria,
por mais suave, pura e mais fermosa?

Sorrindo se, o Minino lhe tornava:
todas fermosas sĂŁo, mas eu queria
V i o l ‘a n t e s que lĂ­rio, nem que rosa.